O agravamento da crise na Europa pode levar a economia brasileira a um "círculo vicioso", onde desaquecimento mais intenso da atividade econômica se propagará com força para o mercado de trabalho, levando à menor expansão da renda; e piora na atividade industrial, já estagnada. O alerta partiu do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em seu Comunicado nº 130 - "Considerações sobre a desaceleração do PIB em 2011".
Sem mencionar projeções numéricas para a economia do ano passado o Ipea observou que o Produto Interno Bruto (PIB) de 2011, a ser anunciado pelo IBGE em março, deve mostrar aumento "bastante inferior" ao de 2010 (+7,5%), pressionado por taxa de câmbio apreciada; aperto monetário; política fiscal mais conservadora; estoques elevados e crise econômica na Europa.
Para o instituto, vinculado à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, a melhora nas perspectivas para os próximos trimestres estariam condicionadas ao sucesso de medidas do governo brasileiro nos campos monetário e fiscal a fim de reaquecer economia e, principalmente, aos desdobramentos da crise externa.
Além disso, o instituto lembrou que, em um ambiente de economia mundial desaquecida, cai a demanda global por produtos importados - o que teria duro impacto na indústria brasileira voltada para exportação.
Na prática, o futuro da economia brasileira torna-se menos preocupante somente em um cenário no qual os problemas relacionados ao descontrole das dívidas soberanas dos países europeus sejam equacionados, evitando-se, assim, maior contágio do sistema financeiro internacional e uma possível recessão mundial.
Cenário otimista
A maioria dos fatores que conduziram ao desaquecimento da economia brasileira em 2011 estará presente em 2012. Mesmo assim o Ipea considerou que, caso a crise internacional não tenha desdobramentos mais graves, os estímulos do governo para aquecer mais a economia, como reajuste do salário mínimo e programas redistributivos de renda, continuariam a manter o vigor da demanda interna.
Outra vantagem seria a contínua e gradual melhora nos fundamentos macroeconômicos do País - que permitiu rápida recuperação da economia brasileira durante a crise financeira em 2008 e pode continuar a influenciar positivamente o cenário doméstico.