Os principais índices das bolsas europeias fecharam em queda nesta sexta-feira com a notícia de que a agência de classificação de risco S&P poderia rebaixar a nota AAA de vários países da zona do euro, incluindo a França, ainda hoje. O índice pan-europeu Stoxx 600 recuou 0,13%, ou 0,32 ponto, para 249,18 pontos. Na semana, porém, subiu 0,67%.
As ações caíram após o Wall Street Journal informar que a S&P poderia rebaixar algumas nações da zona do euro ainda hoje, ainda que não houvesse confirmação oficial da notícia pela própria agência. Já a agência France Presse, citando uma fonte do governo de Paris que pediu anonimato, informou que a S&P já havia informado o governo da França sobre sua intenção de rebaixar o país. Nem a S&P nem o Ministério das Finanças francês quiseram comentar o assunto, segundo a AFP. A especulação sobre o possível rebaixamento da França assola os mercados há semanas.
Em Paris, o índice CAC-40 caiu pouco, 0,11%, para 3.196,49 pontos, e na semana subiu 1,88%. A companhia de serviços do setor de petróleo Technip perdeu 2,4%, o pior desempenho entre as que formam o CAC-40. Já as ações do BNP Paribas subiram 2,5% e as do rival Société Générale avançaram 0,3%.
O analista de mercado de ações do Saxo Bank Peter Garnry afirmou que os investidores devem se lembrar de que os rumores em relação ao possível rebaixamento de países europeus não são novidade, mas ressaltou a importância do caso da França. "Se é a França, então temos uma nova variável na crise da dívida europeia", afirmou Garnry. O analista lembrou que o rating AAA da França é usado como uma espécie de colateral na estrutura da Linha de Estabilidade Financeira Europeia (EFSF, na sigla em inglês), que está sendo usada para apoiar o mercado de dívida soberana.
Garnry disse que a queda discreta na França pode indicar que os fundos de hedge apostavam que a Itália poderia ser o alvo do rebaixamento. Em Milão, o índice FTSE MIB perdeu 1,20%, para 15.011,09 pontos, mas na semana subiu 2,50%.
Mais cedo, a Itália vendeu com sucesso 4,75 bilhões de euros em bônus do governo, o máximo planejado. O yield (retorno ao investidor) caiu em comparação com leilões anteriores, reduzindo os custos para empréstimos da terceira maior economia do bloco.
No mercado secundário, o yield do bônus benchmark de 10 anos do governo italiano subiu 16 pontos-base, para 6,68%, após redução de 26 pontos-base na quinta-feira. O yield se move na direção inversa dos preços.
Os leilões de nações endividadas do sul da Europa têm sido monitorados de perto por analistas. Na quinta-feira, leilões bons de Espanha e Itália levaram a altas nos bancos europeus, mas o mercado reagiu pouco aos leilões de hoje. "Nós temos visto várias boas notícias nos últimos dias, mas não esperamos que o mercado fique firme em dois dias seguidos", disse Edmund Shing, estrategista de ações do Barclays Capital em Londres.
Em outros mercados, a companhia dinamarquesa de soluções para o setor de comunicação Store Nord avançou 10% com a notícia de que ela receberá 3,1 bilhões de coroas (US$ 500 milhões) em um acordo para encerrar uma disputa legal.
Já a companhia britânica de software Invensys caiu mais de 19%, na pior perda entre as que formam o Stoxx 600. A companhia advertiu nesta sexta-feira que seu lucro operacional anual será significativamente menor que no ano passado, citando atrasos em contratos na China e custos extras relacionados a seus negócios em ferrovias.
Na contramão, o índice Ibex 35, da Bolsa de Madri, subiu 0,28%, para 8.450,60 pontos, e na semana avançou 1,95%. Os bancos se saíram bem, com Santander (+1,2%), BBVA (+1,1%) e Bankia (+0,8%). Já o PSI 20, índice da Bolsa de Lisboa, caiu 0,75%, fechando em 5.479,55 pontos, e na semana perdeu 2,14%. As informações são da Dow Jones.