O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a taxa básica de juros da economia (Selic) de 11% para 10,5% ao ano, confirmando as expectativas do mercado financeiro. E não é apenas a Selic que sucumbe diante do esfriamento da economia brasileira – ao passar para a menor taxa desde junho de 2010 –, mas as taxas de juros para financiamentos e crédito pessoal também. Os sinais de redução do consumo têm pressionado as instituições financeiras a acelerar o corte dos juros básicos como forma de estimular as compras. Se há dois anos demorava meses, agora basta que o Copom bata o martelo para que os bancos anunciem as novas tarifas.
“O custo do dinheiro depende da demanda por crédito. Se ela se mantêm elevada, não há motivação para reduzir os juros”, pondera o coordenador do curso de economia do Ibmec, Márcio Salvato. Diante de um cenário inverso, os bancos correm para tornar o dinheiro mais barato. As estatísticas estão a favor do consumidor e novos cortes são esperados até dezembro. Segundo levantamento do Estado de Minas, desde 2002 todas as vezes que o ano começou com queda da Selic, a tendência de redução se manteve até o fm do período.
A forte concorrência entre os gigantes do setor financeiro também é apontada pelo vice-presidente da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira, como motivação para encurtar a distância entre o corte da Selic e o repasse das novas taxas de juros para as linhas de crédito pessoal.
Ritmo Desde julho, quando os juros nominais somavam 12,5% ao ano, a taxa para o crédito pessoal registrou corte de 0,5 ponto percentual, um quarto do registrado pela Selic. “Para algumas linhas, o repasse é mais rápido, o que não acontece com o cheque especial”, pondera Miguel Ribeiro. Segundo o vice-presidente da Anefac, somente o rotativo do cartão de crédito não sentiu os efeitos da curva descendente de juros iniciada em agosto de 2011. “É a única que se mantêm estável há mais de 12 meses. Isso acontece por conta da falta de competição no setor”, observa.
Apesar de reconhecer os efeitos reduzidos para o consumidor, Miguel alerta para a importância de se manter uma retração constante da Selic. “A nossa expectativa é de que as taxas de juros voltem a ser reduzidas para evitar uma desaceleração forte em nossa economia.”
Em consonância com as decisões do Copom, o Banco do Brasil reduziu os juros pela quarta vez consecutiva desde julho de 2011. A partir de hoje, a taxa para crediário passará de 3,39% para 3,35% ao mês, enquanto a de financiamento para veículo será reduzida de 1,36% para 1,32% ao mês. A Caixa Econômica Federal (CEF) também anunciou ontem, depois de o BC decidir pela nova Selic, que vai reduzir as taxas de juros em suas linhas de crédito para consumidor e empresas. Segundo o banco, os juros serão diminuídos em até 28,3 pontos percentuais ao ano para pessoa física e em até 1 ponto percentual ao ano para pessoa jurídica.
O povo fala
Você percebeu a redução da taxa de juros?