Com a Selic em queda desde agosto do ano passado, a questão é: até quando essa taxa cai? Mantendo as atuais condições, a taxa deve fechar o ano em 9,5%, segundo instituições financeiras e economistas ouvidos pelo Banco Central para montar o Boletim Focus, que traduz as estimativas do mercado. “A expectativa é que a atividade econômica no mundo continue baixa, o que, na avaliação do Copom, se traduz em menor pressão de preços”, explica Eduardo Coutinho, coordenador do curso de administração do Ibmec.
Contudo, há ressalvas, na opinião dele: “O mais prudente seria manter a taxa em 11%, enquanto se observa com mais cuidado o cenário externo. No ano passado, com a redução da taxa apostando em deterioração do cenário externo, o país chegou ao limite da inflação”. Coutinho se refere ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), bateu , em 2011, os 6,5% do teto da meta definida pelo Banco Central.
Por outro lado, a desaceleração dos preços mostra que o Copom ainda tem muito espaço para a redução dos juros, na perspectiva da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). “Caso o cenário de crise piore, além das exportações, o investimento também será muito afetado, e neste caso, mais uma vez, a indústria será a maior prejudicada. É de pleno consenso que, pelo menos desde 2008, a indústria tem sido o setor mais sensível à crise”, disse, em nota, o presidente da instituição, Olavo Machado Júnior. No acumulado do ano até novembro, a produção física cresceu apenas 0,4% e 0,6% para o Brasil e Minas Gerais, respectivamente. Isso, segundo a Fiemg, “evidencia um péssimo resultado para um país em franca ascensão estratégica no mundo”.
Para o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Bruno Falci, quanto mais baixas forem as taxas de juros, melhor para a economia: “Os consumidores ampliam as compras, as empresas produzem mais e investem em novas fábricas, que terão de contratar mais trabalhadores”. O corte na taxa beneficia também a bolsa de valores, na perspectiva de Marcelo Domingos, da gestora de investimentos DLM Invista: “A médio e longo prazos, a tendência rumo à taxa um pouco mais baixa aumenta a rentabilidade dos títulos atrelados à Selic, preferidos de investidores mais conservadores, e favorece a própria atividade das empresas”.