O comunicado divulgado ontem pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central mantém aberta a possibilidade de continuidade de redução da taxa de juros até abril, quando a Selic deve ter queda adicional de 0,25 ponto porcentual, na visão do economista da CM Capital, Mauricio Nakahodo. Anteriormente, a CM trabalhava com a expectativa de que a Selic pararia de cair já no encontro do Copom em 6 e 7 de março, após um recuo de 0,50 ponto porcentual levar a taxa básica para 10%.
"Com esse comunicado, há espaço para redução em abril, mas não muito grande", disse Nakahodo, já contemplando nesse seu cenário a expectativa de que o governo deve anunciar um contingenciamento das despesas entre R$ 60 bilhões e R$ 70 bilhões para assegurar o cumprimento da meta fiscal. "Mas o imponderável é o cenário externo. Se for muito mais severo, poderia vir 0,50 pp em abril", disse Nakahodo.
"De qualquer modo, será importante aguardar a divulgação da ata do Copom na quinta-feira da semana que vem (dia 26 de janeiro), em que o Banco Central fornecerá mais detalhes quanto aos fatores determinantes desta decisão, e poderá sinalizar os próximos passos de política monetária", observou. O economista observa que o crucial será a análise que o BC está fazendo atualmente em relação ao cenário internacional.
Para a curva futura de juros, o economista corrobora a expectativa de correção em baixa das taxas dos vencimentos mais curtos, já que o mercado estava dividido entre uma queda de 0 50pp e 0,25pp no Copom de março e os investidores que previam abrandamento da redução da Selic devem correr para se ajustar ao 0,50pp. "Os juros curtos vão cair, mais pelo comunicado", disse Nakahodo, para quem as informações da imprensa de que o governo estaria estudando nova rodada de redução do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) no crédito ao consumo não deve mitigar a queda das taxas nos vencimentos mais curtos. "O IOF poderia levar a uma redução da magnitude da queda dos juros, mas o comunicado deve falar mais alto", disse.