A França se converteu em 2011 na maior exportadora de energia de origem nuclear à Alemanha, aproveitando o embalo da suspensão desse segmento decretada por Berlim após a catástrofe da central japonesa de Fukushima, segundo um balanço anual publicado nesta quinta-feira.
"A suspensão de sete reatores nucleares alemães tem pesado no saldo dos intercâmbios entre França e Alemanha de importador a exportador", diz o balanço elétrico 2011 da empresa RTE, filial da EDF, que administra as redes de alta tensão francesas e supervisiona as trocas transfronteiriças de eletricidade.
A França exportou a seu vizinho 10,8 terawatt-horas (TWh) e importou 8,4 TWh, o que supõe um balanço positivo de 2,4 TWh. Contudo, o balanço global apresenta um superávit de 55,7 TWh, o mesmo nível de 2007.
"Somos tradicionalmente importadores da Alemanha durante o inverno e a meia temporada, e exportadores no verão. Temos tido um saldo exportador de abril a setembro", explicou o presidente da RTE, Dominique Maillard, durante uma coletiva de imprensa. Dois grandes fatores explicam esse quadro: a disponibilidade para exportar foi menor na Alemanha e a diferença de preços entre Alemanha e França favorece a este último país.
O fenômeno é diretamente imputável à decisão adotada pelo governo alemão depois da catástrofe de Fukushima no Japão. A Alemanha parou imediatamente seus oito reatores mais velhos - um deles já não funcionava - e fará o mesmo com outros nove até o final de 2022.
O resultado é que a capacidade de produção energética alemã foi comprometida e o preço subiu com relação ao francês desde o dia 15 de março. Apesar disso, a Alemanha continua exportando eletricidade à França durante a temporada mais fria, ainda que em menor quantidade que em 2010. Trata-se em grande parte de eletricidade procedente das energias verdes ou renováveis.
Apesar de ter sido penalizada pela decisão governamental de abandonar a energia nuclear, a produção de eletricidade alemã mantém uma vantagem com relação a francesa: numerosas plantas eólicas e outras centrais solares fotovoltaicas (conversores de energia solar em energia elétrica) instaladas na Alemanha produzem em alguns períodos energia abundante, que a Alemanha pode exportar principalmente durante o inverno, quando o consumo de energia dos franceses está em seu máximo.