Com o derretimento do dólar neste início de 2012, o sinal amarelo se acendeu nos gabinetes da equipe econômica da presidente Dilma Rousseff. Apenas nos 19 dias de janeiro, a moeda norte-americana tombou 6%, dos quais 0,23% ontem, ao ser negociada a R$ 1,763 na venda. Segundo analistas, é praticamente certa uma intervenção conjunta ou mesmo isolada do Ministério da Fazenda e do Banco Central em busca daquilo que alguns operadores do mercado estão chamando de “meta extraoficial para o dólar”: uma cotação de R$ 1,85.
A dúvida do mercado, porém, é como ocorrerá essa nova intervenção. O segmento financeiro já não oferece tanta preocupação para que o governo tenha de promover um enxugamento do excesso de dólares. Na última quarta-feira, os dados de fluxo cambial do país mostraram que a diferença entre tudo o que entrou e saiu de capital estrangeiro por essa via resultou em um saldo negativo de R$ 41 milhões. O comércio exterior, por outro lado, tem promovido um ingresso expressivo de recursos no Brasil, já que os exportadores têm uma montanha de dólares no mercado internacional. Por enquanto, a Fazenda vê esse movimento como temporário.
Ele explicou ainda que, depois que o Tesouro Nacional emitiu títulos públicos no exterior (em 2 de janeiro, houve a primeira operação do Global 2021, com prazo de 10 anos), abriu-se uma janela para empresas privadas, que voltaram a engordar os caixas com dólares vindos de fora. “Não entendo essa situação como uma ameaça. Na verdade, é uma importante sinalização do governo. Está avisando que não tolerará o que não seja movimento natural da moeda (especulação). Para não prejudicar a competitividade das exportações, não vai deixar que o real se valorize muito”, destacou Davis Ribeiro, analista da Corretora Fair.
Para ele, seja qual for a atuação da Fazenda e do BC, ela não ocorrerá logo. “O governo vai aguardar o desenrolar dos acontecimentos lá fora. Se for apressado e começar a mexer no câmbio já, com a piora da crise na Europa, terá que lidar com um dólar mais alto do que o esperado”, ressaltou Ribeiro.
Pressão nos aluguéis
Na segunda prévia de janeiro, realizada pela Fundação Getulio Vargas (FGV), o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) subiu 0,22%, após cair 0,07% em medição realizada no período equivalente de dezembro. O resultado indica pressão sobre os aluguéis, uma vez que o IGP-M é utilizado para reajustar a maior parte dos contratos. Para o coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros, mesmo com o impacto da alta nos preços das mensalidades escolares e alimentos mais caros nesta época do ano, o IGP-M deste mês deve se posicionar bem abaixo do apurado em janeiro de 2011.