O primeiro-ministro da Itália, Mario Monti, disse neste domingo que o governo apresentará um decreto em seis meses para detalhar a separação entre a estatal petrolífera ENI (Ente Nazionale Idrocarburi), e a empresa estatal de gás natural Snam, que transporta, armazena e distribui o combustível no país. Monti afirma que a medida faz parte do pacote de liberalização da economia que o governo lançou na sexta-feira passada.
Segundo Monti, não existe "atraso" da parte do governo na decisão de forçar a ENI a vender sua participação na Snam, atualmente estimada em 55%, após o anúncio das medidas de sexta-feira. Monti deu a entrevista à televisão estatal RAI. Segundo ele, os seis meses para o processo são necessários porque as duas empresas têm ações na Bolsa de Valores de Milão e precisam cumprir com as obrigações dos reguladores de mercado.
O primeiro-ministro disse que a separação entre a ENI e a Snam só não aconteceu antes por causa da "forte oposição" de executivos da ENI e de alguns políticos, mas que agora o governo está comprometido com o processo.
A ENI, maior empresa de petróleo e gás natural da Itália pelo valor de mercado, possui mais de 50% de participação na Snam, que é a maior empresa de gás natural, praticamente controlando toda a rede de gasodutos, além das estações de armazenagem e com a distribuição, que faz por meio da subsidiária Italgas. O governo italiano controla a ENI com mais de 30% das golden share.
Em outra entrevista publicada neste domingo pelo jornal romano La Repubblica o executivo-chefe da ENI, Paolo Scaroni, disse que a venda da participação da ENI na Snam permitirá à petrolífera ter mais capital para aumentar os investimentos.
A dívida líquida da ENI de 26 bilhões de euros (US$ 33,6 bilhões) inclui pelo menos 11 bilhões de euros em obrigações da Snam, disse Scaroni. Ele afirmou que com a venda da participação na Snam a dívida da ENI será reduzida em cerca de 7 bilhões de euros.