O mercado financeiro reagiu ontem com forte otimismo à indicação da diretora de Gás e Energia da Petrobras, Maria das Graças Foster, para substituir José Sergio Gabrielli na presidência da estatal. À tarde, logo após a confirmação do nome da executiva para presidir a empresa, as ações da companhia dispararam na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&Fbovespa), atingindo o pico de 4,4%. Os papéis preferenciais (PN) fecharam o dia com alta de 3,76%, cotados
R$ 25,13. O bom desempenho acabou levando o pregão ao azul, com valorização de 0,12%. No dia, o dólar recuou 0,40%, cotado a R$ 1,752.
Além da avaliação positiva de investidores e analistas do Brasil e exterior, a reação do mercado foi favorecida pela mensagens tranquilizadoras do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. Ele avisou que o plano de investimentos da estatal poderá sofrer “pequenos ajustes, não mais do que isso,” em razão da indicação de Graças Foster, uma executiva de perfil técnico.
A engenheira química Graças Foster, 58 anos, fez toda sua carreira dentro de Petrobras, onde ingressou em 1978 como estagiária e, desde 2007, ocupa o cargo de diretora de gás e energia. Vista como chefe rigorosa e cumpridora de metas, ela conheceu a presidente quando Dilma era secretária de Energia do Rio Grande do Sul. A primeira mulher a alcançar a presidência da Petrobras tem estilo gerencial bem parecido ao da presidente da República. Exigente e determinada, costuma ser dura com quem não atende suas demandas. Nascida em Caratinga (MG), mudou-se com apenas dois anos para o Rio de Janeiro, onde cresceu no Morro do Adeus, no Complexo do Alemão, comunidade pobre que, por anos a fio, foi exemplo de violência da cidade, até ser pacificada em 2010.
Etanol
Uma das prioridades da primeira mulher a assumir a presidência da Petrobras será aumentar a produção nacional de petróleo, praticamente estagnada nos últimos anos, e mudar o caráter político dado por Gabrielli à gestão da empresa. Segundo analistas do setor, a principal missão de Graças Foster será reduzir a forte pressão gerada pela escassez doméstica de combustíveis, sobretudo o etanol. O crescimento acelerado da frota nacional de veículos, combinado com as limitações da capacidade brasileira de refino de gasolina, além da produção contida de álcool, têm reflexo direto sobre os índices de inflação e a balança comercial, afetada pelas crescentes importações de gasolina.
Nos últimos dois anos, a Petrobras descumpriu todas as suas metas de produção de petróleo no país, de 2,1 milhões de barris diários. Em 2011, o volume médio ficou em 2,02 milhões de barris diários, 3,7% inferior à meta. Durante boa parte do período de Gabrielli à frente da Petrobras, os preços do petróleo estiveram em patamares recordes e a empresa descobriu as reservas gigantes na área do pré-sal. Mas, mesmo com ventos favoráveis, a estatal cresceu, mas perdeu quase R$ 90 bilhões de valor de mercado entre 2010 e 2011 — encolheu de R$ 380 bilhões para R$ 291,5 bilhões.
Áreas para leilão até maio
O governo deve definir, antes de maio, a realização da 11ª rodada de licitações de blocos de petróleo e gás da Agência Nacional do Petróleo (ANP), informou ontem o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. Segundo ele, antes de uma decisão, a presidente Dilma Rousseff deverá examinar os pontos onde serão feitas as licitações. “São 174 blocos, metade no mar e metade em terra”, adiantou o ministro. A nova previsão para a decisão, contudo, é apenas mais uma data sugerida por Lobão. A realização dessa etapa vem sendo esperada com muito interesse por investidores desde o ano passado e não inclui as áreas de produção na área do pré-sal. A realização da 11ª rodada já foi aprovada em abril passado pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), mas depende da autorização da presidente Dilma.