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Estado de Minas

Emprego desacelera, mas segue em alta

No ano passado, 1,94 milhão de vagas foram criadas no país. Apesar da queda de 23,5% frente a 2010, número é positivo


postado em 25/01/2012 07:25

Depois de quase dobrar o volume de vagas de trabalho criadas de 2009 para 2010, com cenário internacional desfavorável, o primeiro ano do governo Dilma Rousseff (PT) foi marcado por forte desaceleração na criação de empregos no Brasil. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego, mostram que 1,94 milhão de vagas foram criadas no país no ano passado, ou seja, 598 mil a menos que em 2010. No comparativo entre os dois últimos anos, a desaceleração é de 23,54% e deixa o Brasil longe da projeção de novas vagas para o ano. Até julho, o ex-ministro Carlos Lupi mantinha no discurso a expectativa de se abrir 3 milhões novos postos de trabalho, o que ficou longe de ser concretizado. Em Minas, a freada foi ainda mais brusca: 30,88% vagas a menos no comparativo entre 2010 e 2011. No entanto, o estado foi o segundo na criação do emprego no período (206 mil), atrás apenas de São Paulo (551 mil).

Keila Cezário está na batalha para conseguir bons profissionais para seu salão há mais de um ano(foto: Cristina Hora/EM/D.A/Press)
Keila Cezário está na batalha para conseguir bons profissionais para seu salão há mais de um ano (foto: Cristina Hora/EM/D.A/Press)
Mesmo com o recuo, o resultado do número de empregos formais é o segundo melhor da série histórica iniciada em 1992, atrás apenas de 2010, quando foram registrados os melhores dados. O destaque da criação de postos é o setor de serviços, com quase metade do total de vagas. Segundo o governo federal, “o comportamento favorável decorreu da expansão generalizada de todos os seus ramos, com três deles registrando saldos recordes (ensino; serviços de transportes e comunicação e médicos e odontológicos)”.

Apesar da desaceleração do total de novas vagas em Minas, a Região Metropolitana de BH passou a apresentar as menores taxas de desemprego do país, segundo estudos da Fundação João Pinheiro (5,7% de pessoas sem emprego na Grande BH, até novembro). O efeito disso é o não casamento da vaga em oferta com o candidato disponível. No salão de beleza da pequena empresária Keila Aparecida Cezário da Silva, no Bairro Santa Tereza, na Região Leste de BH, a procura por novos profissionais para compor o quadro dura mais de um ano. Até faixa com a oferta das vagas ela pendurou na entrada do estabelecimento, mas ainda assim não conseguiu contratar. A consequência, segundo ela, é a perda de clientes em horários concorridos e a impossibilidade de aumentar o faturamento. “Preciso de duas manicures e dois cabeleireiros para a equipe. Assim, poderia aumentar em até 30% meu faturamento”, afirma. Com três profissionais a menos, a solução é improvisar: depilador vira esteticista, manicure e cabelereiro. “Vai no improviso”, diz ela.

A analista de Pesquisa e Ensino da Fundação João Pinheiro, Flávia Xavier, avalia que o crescimento do número de empregos com carteira assinada no estado resistiu ao tsunami econômico registrado mundo afora ao longo do ano passado, mas ela não descarta que a Grande BH passe por uma “reacomodação” nos primeiros meses deste ano. “Em algum momento vamos sentir os efeitos da crise, mas não acredito que sejam fortes”, afirma.

Força tarefa para a Copa

O governo de Minas e associações ligadas ao comércio e à prestação de serviços montaram uma força-tarefa para qualificar mão de obra para a Copa das Confederações, que será realizada em 2013, e para a Copa do Mundo, no ano seguinte. Em 2012, a expectativa é oferecer 42 mil vagas em cursos voltados para profissionais e pessoas que desejam trabalhar como guias turísticos, auxiliares de cozinha, taxistas, entre outros. O projeto, que demandará investimento em torno de R$ 45 milhões, é fruto de uma parceria entre a Federação do Comércio de Bens, Turismo e Serviços do Estado de Minas Gerais (Fecomércio), Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), Serviço Social do Comércio (Sesc) e secretarias estaduais de Trabalho e Emprego (SET), Turismo (Setur) e Extraordinária da Copa do Mundo (Secopa).

A força-tarefa foi montada ontem, quando os titulares das secretarias e diretores das entidades assinaram um termo de cooperação técnica para ações conjuntas voltadas à qualificação profissional. O chamado apagão de mão de obra especializada em alguns setores é uma das barreiras a serem superadas em todo o país. Tanto em Minas quanto em outros estados, diversos setores têm dificuldades de encontrar profissionais capacitados. “Esta é uma triste realidade no Brasil. É uma preocupação nossa. O governo está tomando providências. Não basta apenas o poder público estar interessado e ter dinheiro. É preciso respaldo da sociedade”, avalia Carlos Pimenta, titular da SET.

O chamado apagão de mão de obra preocupa os empresários do turismo, pois, de acordo com as previsões da União, 600 mil estrangeiros devem visitar o Brasil durante a Copa. Destes, ainda segundo o governo, 170 mil devem passar por Minas. “É importante a qualificação tanto em Belo Horizonte quanto nas cidades do interior que vão receber os turistas. Na capital, a demanda maior é no setor hoteleiro”, explica Agostinho Patrus Filho, secretário de Turismo. A grade de cursos que serão oferecidos pela força-tarefa está sendo estruturada pelo Senac. A lista poderá ser acessada no site www.mg.senac.br. “(A ideia) é atingir todas as cidades com potencial para atender o turismo da Copa”, destaca José Carlos Cirilo, diretor do Senac em Minas.


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