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Estado de Minas

Desemprego é eleito como maior desafio para o capitalismo

Análise é feita diante da recessão que afeta a Europa e os Estados Unidos


postado em 26/01/2012 06:00 / atualizado em 26/01/2012 06:43

Com 2,6 mil participantes de todo o mundo, evento põe em xeque erros de líderes na condução da economia (foto: Fabrice Coffrini/AFP )
Com 2,6 mil participantes de todo o mundo, evento põe em xeque erros de líderes na condução da economia (foto: Fabrice Coffrini/AFP )


A geração de empregos surge como o principal desafio do mundo capitalista, em meio à recessão iminente em que a Europa e os Estados Unidos se lançaram, afetando principalmente os jovens, agora descontentes nos países desenvolvidos. Foi esse o tema central de discussões entre líderes políticos e empresariais antes mesmo da abertura oficial do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. O evento começou com um acalorado debate sobre o modelo econômico. O capitalismo do século 20 estaria falhando em atender a sociedade do século 21? "Sim, perdemos a bússola moral", afirmou a secretária-geral da Confederação Sindical Internacional (ITUC, na sigla em inglês), Sharan Burrow.

Esse mesmo capitalismo, que levou desenvolvimento ao mundo, em particular à Europa – derrubada agora pela crise da dívida dos governos do velho continente –, tem gerado um mar de oportunidades para o mundo emergente, liderado por Brasil, China e Índia. "Se formos ao Brasil, teremos uma visão muito diferente de onde está o mundo, assim como se formos à Índia", disse o diretor-executivo da Alcatel-Lucent, Ben Verwaayen. A situação econômica da Europa e do planeta será esmiuçada na 42º edição do fórum, que reúne a nata da política e das lideranças econômicas do mundo em Davos. São cerca de 2.600 participantes no encontro. O descontentamento entre os jovens é evidente, especialmente em países como a Espanha e a Grécia, onde a taxa de desemprego entre os mais novos é extremamente elevada.

O contingente de desempregados na França atingiu a cifra de 4,53 milhões de pessoas, o mais alto desde 1999, de acordo com estatísticas divulgadas ontem pelo governo em Paris. Nas dezenas de debates diários que a agenda do Fórum de Davos oferece, a maioria deles fechados à imprensa, serão abordados também temas como gestão energética, segurança, novas lideranças, a criatividade no trabalho e a mente e a máquina. Vários chefes de Estado e de governo estarão presentes, entre eles, o mexicano Felipe Calderón, o peruano Ollanta Humala, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, e o secretário americado Tesouro, Timothy Geithner.

"Ainda não aprendemos lições suficientes", reconheceu Angela Merkel (foto: Arnd Wiegmann/Reuters)
Ao discursar na abertura do Fórum, a chanceler (premiê) da Alemanha, Angela Merkel, disse que os países desenvolvidos ainda não aprenderam "lições suficientes" da crise financeira de 2008, quando as nações desenvolvidas começaram a sofrer com o desemprego, mas que a turbulência na Zona do Euro não afetará as ambições do "projeto europeu" descartando as ameaças de ruptura da moeda única e da própria União Europeia.

"Frequentemente nos perguntam que lições aprendemos a partir da crise de 2008 e se foram suficientes. Sendo realista, ou até pessimista, creio que a única resposta é que ainda não aprendemos lições suficientes", disse. Ainda é necessário avançar para tornar o sistema financeiro mais seguro, avaliou a alemã, que ao lado do presidente francês, Nicolas Sarkozy, é tida como a grande articuladora, em meio à crise que abala a zona do euro.

Para David Rubenstein, co-fundador e diretor do fundo de investimentos americano Carlyle , o que o Ocidente tem que fazer é reconhecer problemas graves. "Creio que teremos de três a quatro anos para melhorar o modelo econômico vigente e se não o fizermos rapidamente perderemos a oportunidade de competir com o capitalismo do mercado emergente ou capitalismo de Estado", afirmou.

Memória

Um palco para o Brasil no mundo


Maior encontro mundial de líderes governamentais e empresariais, o Fórum Econômico Mundial teve seus encontros em Davos, na Suíça, nos últimos anos marcados pela contestação de que a economia mundial enfrenta graves problemas e pela presença mais incisiva do Brasil nas discussões. Em 2003, o fórum serviu de palco para o primeiro evento público do então eleito presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que discursou e chamou a atenção do mundo ao defender mecanismos de controle sobre o fluxo de capitais internacionais para evitar a ação de especuladores sobre as economias de países. De lá para cá, Lula discursou novamente em 2007, veio a crise de 2008 e o alerta de que os pacotes bilionários dos países para salvar bancos e empresas seriam um tiro no pé. E foi, a crise de agora, cantada no fórum em 2009, refere-se ao gigantesco endividamento dos EUA e de países europeus. Como é apenas um fórum, não gerou nenhuma medida concreta para abrandar as turbulências econômicas. Em 2010, Lula foi homenageado.


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