A tecnologia incorporada aos jogos lotéricos esportivos, modalidade do setor que mais cresce no mundo, e as plataformas digitais e móveis que já estão turbinando esse mercado no exterior só aguardam regulamentação favorável no Brasil para disputar o grande potencial que o país oferece nesse campo. Os avanços dos dois segmentos da indústria mundial de jogos levaram representantes da Caixa Econômica Federal e do governo brasileiro, esta semana, à tradicional feira de jogos e loterias Gaming ICE Totally, realizada em Londres, e à reunião do Comitê Executivo da World Lottery Association (WLA). O diretor-geral da Loteria do Estado de Minas Gerais, Paulo Roberto Menicucci, diz que a instituição tem interesse nas inovações e considera o celular e a internet ferramentas importantes para as loterias brasileiras adotarem.
Sobre a nova regulamentação, Menicucci afirma que o assunto permanece em clima de expectativa. A Caixa Federal, instituição responsável pelo regulamento e fiscalização dos jogos lotéricos, informou que ainda não há estudos sobre a adoção dessa novas modalidades de jogos. Mas a indústria não quer perder tempo e já avalia a logística que será necessária para oferecer jogos mais modernos no país. A Intralot do Brasil, braço da multinacional grega que se tornou concessionária da Loteria Mineira, está pronta para trazer a nova tecnologia ao país, segundo o presidente da empresa criada no Brasil, Sérgio Alvarenga.
Estima-se que os jogos de apostas esportivas – modalidade lotérica sempre vinculada a um evento esportivo, a exemplo de futebol ou beisebol, ou a Fórmula 1 – movimentem 8 bilhões de euros por ano na Itália, um dos mais de 30 países da Europa onde eles geram receita. Com 20 milhões de habitantes, o estado de Nova York faturou US$ 9 bilhões em jogos lotéricos no ano passado. No Brasil, com 200 milhões de habitantes, calcula-se que os jogos lotéricos movimentaram R$ 8,8 bilhões. “O país, desde o fim do ano passado, se interessa mais por essa indústria. Lá fora, as apostas esportivas são feitas em ambientes apropriados, onde os jogadores convivem entre si, discutem os jogos e percebem a chance real de ganhar, acompanhando o placar”, afirma o presidente da Intralot Brasil.
Outro atrativo dos jogos esportivos está no pagamento de prêmios numa proporção bem superior ao que se vê no Brasil. O chamado pay-out, a devolução em premiações, chega a 80% das apostas, frente à média de 30% a 32% dos jogos lotéricos existentes no país. No exterior, a indústria lança a modalidade mediante convênios com as instituições oficiais que coordenam e patrocinam o esporte, a exemplo da Federação Internacional de Futebol (Fifa).
“Há condições de trazer todo esse know how, com segurança para as apostas, ao Brasil. Lá fora, além do ambientes apropriados, há canais de televisão específicos para informar sobre as apostas. Imagine a emoção de apostar num jogo entre o Santos e o Corinthians, acompanhando a atuação do Neymar (atacante do Santos)”, diz Sérgio Alvarenga. A mutinacional grega também desenvolveu jogos com tecnologia móvel, para internet e TV interativa, sob uma única plataforma.
A Intralot do Brasil começa a abrir, este ano, pontos próprios de venda no varejo, em Minas, partindo de drogarias e postos de gasolina, locais onde as apostas já são feitas fora do Brasil. Sérgio Almeida informa que os planos da Intralot são de expansão, em 2012, em 1 mil pontos de venda no estado, que já conta com 1,1 mil pontos hoje. De um total de 80 municípios, a empresa deverá chegar a 300. A previsão de investimentos no contrato é de R$ 35 milhões a R$ 40 milhões. A concessão entrou em vigor em 2010 com prazo renovável de seis anos.