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Estado de Minas

Alta do aluguel tira negócios da Savassi

Com aumentos de até 275% no valor da locação, donos de pontos tradicionais fecham as portas ou deixam a região


postado em 28/01/2012 06:00 / atualizado em 28/01/2012 07:03

Às vésperas do encerramento das obras de revitalização, empresários de tradicionais pontos da Savassi abandonam a região devido à alta dos aluguéis. Depois de resistir ao longo período de “vacas magras”, resultado do excesso de poeira e barulho e a escassez de clientes, donos de bares, restaurantes e lojas se rendem aos preços altos, com reajustes que atingem 275%, e se veem obrigados a migrar para outros bairros.

Na lista dos primeiros a sair da Savassi estão os bares Koyote e Mulan. Vizinhos na Rua Tomé de Souza há 15 anos ou mais, eles viram de camarote as mudanças de um dos pontos mais tradicionais da região. Apesar de não margearem a Praça Diogo de Vasconcelos, ambos estão localizados na área que na década de 1990 era ocupada pelas torcidas de Atlético e Cruzeiro nas tardes de jogos. Principalmente o Koyote, que sucedeu estabelecimentos que fizeram tradição na transmissão de jogos da Savassi, como a pizzaria Marguerita e o bar Salsalito.

No primeiro, a variação do reajuste quase dobrou o preço do aluguel, que, no ano passado, já tinha sofrido um primeiro aumento de 60%. Um dos bares ao lado, mesmo ocupando uma loja a mais, pagará pelo espaço a metade do preço. Com isso, o bar deixa a capital e migra para o interior. Por isso, quem quiser reviver os dias que passou no Koyote terá que ir para São João del-Rei. “O bar estava numa rua onde todo belo-horizontino que se preza já passou para tomar uma”, diz Vicente Resende, um dos sócios. Ele afirma que investiu pesado nos últimos anos esperando que os aluguéis fossem reajustados num nível regular, mas o aumento ultrapassou, e muito, a inflação. “Economia é isso aí…”, diz o sócio do Coyote.

Enquanto o Koyote vai ficar quase 300 quilômetros distante do ponto original, os empresários chineses donos do Mulan iniciaram a reforma de uma casa na Pampulha. O estabelecimento recriava uma típica casa de karaokê em Belo Horizonte. Há mais de 10 anos na Savassi, eles praticamente foram convidados a sair, depois que os proprietários do imóvel lhes propuseram aumentar o aluguel de R$ 8 mil para R$ 30 mil. “É triste ter que sair. Mas muita gente ainda vai mudar”, diz a chinesa Ying Chang. No ano passado, o valor já tinha dobrado também, o que a obrigou a abrir o restaurante para almoço. Nos últimos meses, com a queda repentina de clientes, ela teve inclusive que dar desconto de 50% na refeição.

No caso da empresária Violeta Temponi, da Divino Oggi, em curto prazo ela teve que decidir entre deixar a Savassi ou pagar aluguel três vezes mais caro. Prevaleceu a segunda opção. “Eu não sei como é lá fora!”, afirma ela, há duas décadas e meia no mesmo ponto, o que lhe garantiu a fidelidade dos clientes. Mas outros dois ocupantes da mesma galeria optaram por sair. Além da variação do aluguel, a imobiliária da galeria acrescentou o condomínio entre as despesas, o que onerou ainda mais. Mas a promessa de melhorias no edifício até agora não saiu do papel. “Primeiro a obra deveria ficar pronta para ver o que acontece”, crítica ela.

Sala comercial

Enquanto as variações nos aluguéis forçaram as saídas de antigos ocupantes da Savassi, o aluguel de uma sala corporativa recém-inaugurada na Savassi também sofreu aumento de 60% de 2010 para cá, segundo a Câmara do Mercado Imobiliário (CMI). O valor médio do metro quadrado na região passou de R$ 50 para R$ 80, se considerado imóvel top de linha, com piso elevado, pé-direito alto, mais de quatro vagas de garagem e outras características. Na outra ponta, quando avaliado prédio antigo sem vagas de estacionamento, o reajuste médio foi de 50%, tendo passado de R$ 30 para R$ 40. “A melhor mercadoria tem mais liquidez, mais atrativos e é mais moderna”, afirma o vice-presidente da CMI, Evandro Negrão de Lima Júnior.


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