Os temores relacionados à crise da dívida europeia começam a tocar o Japão, um país cujo mercado de bônus está calmo há muito tempo, apesar de um déficit fiscal muito maior do que os de países como Grécia e Itália.
Nas últimas semanas, o custo do seguro contra um default (moratória) do Japão subiu bastante, aproximando-se das máximas históricas atingidas em outubro do ano passado, no auge da crise grega. O preço do seguro contra uma moratória, conhecido como swap de default de crédito (CDS), superou os níveis vistos em março do ano passado, logo depois do terremoto e do tsunami.
Nas próximas semanas, os investidores estarão atentos às agências de classificação de risco e ao Parlamento japonês. Duas das principais agências, a Standard ? ele tem enfrentado críticas não só dos partidos de oposição como dentro de sua própria agremiação.
Na tentativa de obter apoio à sua proposta, Noda e seus assessores têm feito declarações cada vez mais alarmistas. "O capital especulativo que agora tem a Europa como alvo estará em breve atacando o Japão. Isso está logo ali, virando a esquina. Nossa situação é bem pior do que as do Sul da Europa e dos EUA", disse recentemente Hirohisa Fuji, ex-ministro das Finanças e atual responsável por políticas fiscais do partido governista.
Fiéis
Até o momento, as apostas do mercado contra o Japão têm sido pequenas, e a maioria dos investidores em bônus do governo japonês tem se mantido firme. Segundo dados da Depository Trust ? embora seja uma quantia pequena, ela é mais de 40% superior à de um ano atrás.
Já o custo para assegurar US$ 10 milhões em bônus soberanos do Japão por cinco anos era de US$ 155 mil em meados de janeiro, de acordo com a Markit; na mesma ocasião, os custos comparáveis eram de US$ 222 mil no caso da França e US$ 530 mil no da Itália. Ainda assim, isso representa um salto dos US$ 110 mil de dois meses atrás, e de US$ 90 mil em julho do ano passado.
Essa tendência parece ser o início de uma nova fase de pessimismo quanto ao Japão, cuja dívida soberana em bônus alcançou ¥ 1,085 quatrilhão (US$ cerca de 14 trilhões) no fim de 2011, segundo estimativa do próprio governo. É aproximadamente o mesmo tamanho da dívida soberana dos EUA em circulação, ainda que a economia do Japão tenha metade do tamanho da norte-americana.
Até agora, esses números não assustaram a maioria dos investidores. Ao contrário, as dificuldades vividas pela Europa levaram muitos deles a transferir recursos para bônus japoneses, ainda vistos como "refúgio seguro" para o capital, especialmente os títulos de curto prazo. Isso tem permitido ao Japão manter as taxas de juro em níveis muito baixos. O yield dos bônus soberanos de 10 anos está em cerca de 1% no caso do Japão, em torno de 1,9% no dos EUA e perto de 6% no da Itália.
As informações são da Dow Jones.