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Estado de Minas

Produção industrial brasileira praticamente não saiu do lugar no ano passado

Alta registrada pelo setor fica limitada a 0,3%. Bens de capitais seguraram resultado no azul


postado em 01/02/2012 06:00 / atualizado em 01/02/2012 06:43

Acima da média - Fabricação de máquinas e equipamentos de transportes teve desempenho positivo, de 3,3%(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press - 17/9/09 )
Acima da média - Fabricação de máquinas e equipamentos de transportes teve desempenho positivo, de 3,3% (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press - 17/9/09 )

 

A produção industrial brasileira cresceu 0,3% no ano passado, coroando a perda de ritmo registrada desde abril de 2011. A partir daí, o ritmo das fábricas desacelerou, puxando para baixo o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Os números são do Instituto Brasileiro de Geografia e Pesquisa (IBGE). O resultado ficou muito abaixo dos 10,5% registrados em 2010. Em dezembro, a produção retomou o fôlego e cresceu 0,9% frente a novembro, mas foi insuficiente para melhorar o desempenho do ano. E quando o recorte do último mês do ano é feito comparando os resultados de igual período de 2011, a produção total da indústria apresenta queda de 1,2%, quarta taxa negativa nesse tipo de confronto, mas a menos intensa dessa sequência.

Entre as categorias de uso, o setor de bens de capital foi o destaque positivo com crescimento 3,3% no ano, sustentado principalmente pelo avanço na produção de máquinas e equipamentos para transportes. A produção de bens de consumo duráveis recuou 2% por conta da menor fabricação de automóveis. Com isso, de acordo com o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), a indústria nacional fica em meio a uma encruzilhada. De um lado, contará com as medidas que o governo federal vem tomando para o aquecimento da economia, o que a levará a melhores resultados. De outro, de acordo com o economista-chefe do instituto, Rogério César de Souza, somente isso poderá não ser suficiente para salvar o segmento em 2012. “Os entraves competitivos para as empresas brasileiras, como câmbio valorizado, carência de infraestrutura e logística, elevada carga tributária e alto custo do capital poderão não mudar no curto prazo”.

Para este ano, a situação não deverá mudar muito. A retomada da produção industrial registrada em dezembro ainda não é suficiente para garantir uma reversão de tendências, aponta André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE. “Precisamos aguardar novas informações. A produção industrial foi melhor em dezembro do que nos meses anteriores, mas isso não indica mudança na trajetória.” Em Minas, o presidente do Conselho de Política Econômica da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Lincoln Gonçalves Fernandes, explica que a expectativa é de baixo crescimento no setor. “No estado, a expansão da indústria ficará abaixo da média nacional”, avisa.

Contraponto

Abaixo da média - Setor têxtil foi o mais afetado pelos câmbio valorizado. Queda foi acentuada, chegou a 14,9%
Abaixo da média - Setor têxtil foi o mais afetado pelos câmbio valorizado. Queda foi acentuada, chegou a 14,9%
Durante o ano passado, alguns segmentos da indústria registraram crescimento. Foi o caso dos equipamentos de instrumentação médico-hospitalares, ópticos e outros (11,4%) e dos equipamentos de transporte (8%). A produção de minerais não metálicos aumentou 3,2% e a de produtos de metal, 2,6%. Todos eles, porém, estão ligados a segmentos cujos produtos são muito específicos, ao desempenho do setor agropecuário ou à atividade da construção civil. Numa outra ponta, segmentos mais tradicionais da indústria brasileira – e grandes contratantes de mão de obra – amargaram quedas acentuadas em 2011, como o têxtil (- 14,9%), o de calçados e artigos de couro (- 10,4%), o de vestuário e acessórios (- 4,4%) e, em menor proporção, o de borracha e plástico (- 1,3%) e o de madeira (- 0,9%).

No ano passado, o desempenho da indústria dependeu da evolução dos setores produtores de commodities, como o da indústrias extrativa, que teve avanço de 2,1% na produção em 2011. Outro exemplo é a área de derivados de petróleo e de celulose e papel. Em 2012, porém, a crise internacional jogará fumaça sobre esses e outros setores eminentemente exportadores. O fôlego virá do mercado interno. Portanto, todas as apostas se concentram na produção de bens de consumo voltada para o comprador brasileiro.

 

Análise da notícia
Timidez no horizonte

Muitas incertezas pairam sobre a economia mundial em 2012, alimentadas pela crise europeia. É certo que o governo brasileiro lançará mão de todos os instrumentos necessários para evitar a contaminação da economia brasileira pelo crash no Velho Continente e para sustentar a atividade este ano. Os juros básicos da economia cairão rumo a um dígito, o crédito será estimulado, o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) pode ser reduzido e não está fora do horizonte a liberação de compulsórios. Tudo isso animará a indústria de bens de consumo, mas não a produção de commodities, o principal item da pauta de exportações brasileiras. Isso significa que a produção industrial total, deverá continuar tímida em 2012. (ZF) 


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