Depois das chuvas do início do ano, a entressafra. A combinação não é nada otimista para o bolso do consumidor, que nos próximos meses ainda vai continuar pagando caro por frutas, verduras e hortaliças. Mal os agricultores de Minas começam a recuperar o ritmo abalado pelos temporais de janeiro, um outro componente entra em cena. O ciclo da produção começa a desacelerar e mantém os preços em alta no sacolão. Levantamento da Centrais de Abastecimento de Minas Gerais (Ceasa) mostra que mesmo com a gradual recuperação da oferta de alguns alimentos, os preços no atacado ainda estão de 12% a 15% mais caros que em novembro do ano passado. A previsão é de que a recuperação da oferta só comece a ocorrer plenamente a partir de abril
O presidente da Cooperativa dos Produtores Rurais de Nova União, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, Carlos Hamilton Gonçalves, conta que em janeiro a produção ficou 20% menor. “Tivemos uma série de problemas com o escoamento da mercadoria e por isso deixamos a fruta amadurecer, sem fazer a colheita.” Carlos Hamilton não está muito otimista quanto a queda de preços. “Logo o clima já começa a esfriar e a produção cai.” Como a banana, o abacaxi também teve alta de 17,2% no atacado e a melancia está 20,6%. O coordenador de informações de mercado da Ceasa Minas, Ricardo Martins, aponta que somente a partir de abril ou maio o consumidor deve sentir certo alívio no bolso.
Café com leite Quanto à bebida do brasileiro, a expectativa é de ano de boa oferta de café e preços estáveis para o consumidor. As chuvas não vão comprometer a produção nacional, estimada em 480 milhões de sacas. Apesar da crise da economia europeia, grande consumidora do produto nacional, a previsão é de mercado firme, já que a Colômbia, grande produtor mundial e competidor do Brasil, deve ter queda de produção.
A Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), maior cooperativa de café do mundo, deve comercializar este ano 5,5 milhões de saca, alta de 7% frente ao recorde histórico atingido no ano passado. “O mercado está incerto, a crise na Europa preocupa, mas temos expectativas de que este ano o preço da commodity deve se manter acima de R$ 465 a saca”, comentou o vice-presidente da cooperativa, Carlos Augusto de Melo, que participou da Feira de Máquinas, Equipamentos e Insumos Agrícolas (Femagri).
A trégua dada por São Pedro vem permitindo a retomada da produção de leite em escala quase idêntica à registrada por algumas cooperativas antes do estrago das últimas chuvas. E o melhor: cooperativas procuradas pelo Estado de Minas garantem que o prejuízo com as chuvas não foi repassado para o consumidor. Apesar disso, como a temporada de chuva ainda não chegou ao fim, vários trechos de estradas e pontes, principalmente rurais, ainda não foram consertadas pelo poder público.
Em Além Paraíba, na Zona da Mata, o mau tempo causou grande prejuízo no comércio e na cadeia leiteira. Porém, quase um mês depois das tragédias registradas na cidade, a produção de leite está prestes a voltar à normalidade. “Antes das chuvas, recebíamos em média 25 mil litros por dia na cooperativa. Hoje, mais ou menos 22 mil litros. A expectativa de recebermos o mesmo volume é para daqui a 30 dias”, calcula o presidente da entidade, James Vilela. A entrega ainda não voltou à normalidade, segundo ele, em razão de algumas estradas dificultarem a entrega do produto.