Segurança da raça, bom pedigree e possibilidades reduzidas de doenças são alguns dos motivos que levaram a psicóloga Patrícia Salles a optar por um filhote da raça maltês, de pais importados dos Estados Unidos e consagrados campeões em grandes competições. O custo de R$ 2 mil supera em mais de 65% o preço de R$ 1,2 mil praticado habitualmente pelo mercado de pet shops no Brasil, mas Patrícia queria garantir a boa procedência da sua nova companheira. “Se estou comprando um cachorro de raça, vou querer o melhor que puder pagar”, afirma. O que não a impede de ter quatro vira-latas adotados.
Assim como Patrícia, várias pessoas procuram animais que agreguem todas as características da raça, independentemente dos custos. “O pedigree é um respaldo de origem e valoriza o animal. Nas exposições é que ele receberá crédito por sua qualidade”, explica o presidente do Kennel Clube da Grande BH, Dino Miraglia. Os preços variam inclusive na mesma ninhada. “Podem nascer cães que serão campeões e outros não”, explica Miraglia. Segundo ele, animais voltados para exposição não vão custar menos que R$ 2,5 mil a R$ 5 mil o filhote. “Qualquer que seja a raça”, afirma. O pet de estimação chega a custar metade do preço de um bicho voltado para competições.
Editor da revista Cães de Fato, Marco Flávio Botelho estima que, sobre a tabela de animais para companhia, donos de exemplares premiados cheguem a elevar os preços em 50% até 200%. O custo para manter um cachorro de exposição está entre os fatores que também elevam a cotação do bicho. “Para manter o cão com um handler (profissional responsável por exibir o competidor), o gasto pode variar entre R$ 1 mil e R$ 5 mil ao mês de acordo com a raça e os cuidados exigidos”, explica.
A tendência é de expandir ainda mais a atuação nestes eventos, chegando a uma alta de 12% em relação ao ano passado. “Foram mais de 95 eventos realizados em 2011 e para 2012 planejamos participar de 115. Crescimento de 20%”, afirma a gerente de comunicação corporativa da Royal Canin do Brasil, Mariane Gaddy.
Peixes premiados Ao contrário das exposições de cães e gatos, quem ganha a fama nas competições de peixes não são os animais, mas sim seus donos. “O mérito quem leva é o criador pela linhagem vitoriosa. Isso porque o período de vida do peixe é muito curto”, pondera o engenheiro civil e criador de peixes ornamentais Rodrigo Ziviani. Especializado na raça guppy, Rodrigo conta que o peixe está pronto para competir com nove a 10 meses de vida, enquanto sua expectativa de vida é de, em média, um ano e meio.
Dedicado a este mercado, o professor de ciências biológicas da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) Mauro Schettino de Souza reconhece que as linhagens selecionadas chegam a custar mais de 10 vezes o preço de um animal sem procedência. Em três anos, ele pretende se dedicar exclusivamente ao mercado do animal. “Estou fazendo uma variedade de peixe japonês, por cruzamentos, que custa algumas dezenas de dólares no mercado internacional”, afirma.