O primeiro-ministro grego, Lucas Papademos, espera obter nesta quarta-feira o aval dos chefes dos três partidos da coalizão governamental para um duro ajuste pedido pelos credores da Grécia para dar apoio financeiro a este país da Eurozona à beira do default.
Antecipando-se ao desfecho da reunião, o chefe do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, convocou uma reunião com os ministros de Finanças da Eurozona para quinta-feira às 18H00 local (17H00 GMT; 15H00 de Brasília) em Bruxelas.
Os chefes dos três partidos da coalizão governamental grega chegaram nesta quarta-feira à casa do primeiro-ministro, Lucas Papademos, às 17H00 local (15H00 GMT; 13H00 de Brasília) para uma reunião crucial sobre as medidas de austeridade exigidas pelos credores do país.
Os sócios europeus da Grécia esperam o aval do socialista Georges Papandreou (Pasok), do conservador Antonis Samaras (Nova Democracia) e do líder da extrema direita Georges Karatzaféris (Laos) para um novo programa de ajuste orçamentário antes do desbloqueio do plano de ajuda para salvar o país do default.
Os últimos retoques no documento de 50 páginas foram feitos durante a madrugada, após negociações entre o primeiro-ministro Lucas Papademos e o trio de credores institucionais da Grécia: UE, Banco Central Europeu (BCE) e FMI.
O texto "apresenta as grandes linhas das novas medidas" exigidas pelo FMI e pela UE para desbloquear um novo segmento do empréstimo concedido à Grécia por seus sócios da Eurozona ao final de outubro, disse à AFP uma fonte do partido conservador Nova Democracia (ND).
Os líderes da coalizão do governo de união nacional - o socialista Giorgos Papandreou, o conservador Antonis Samaras e o ultradireitista Giorgos Karatzaferis - deverão manifestar o "acordo de princípio" com o plano, durante uma reunião com Papademos.
O acordo depois será enviado ao Parlamento e, segundo os veículos gregos, o poder Legislativo poderá se reunir no domingo para submeter o plano à votação. Segundo trechos divulgados pela imprensa, as medidas incluiriam um corte de 20% do salário mínimo, reduções das aposentadorias e a demissão rápida de 15.000 funcionários públicos.
Após o primeiro adiamento de domingo, os dirigentes políticos deveriam ter se reunido na segunda-feira, mas as dificuldades geradas pelas divergências entre a Troika e o governo obrigaram o adiamento do encontro. Estas medidas se somariam às já impostas no primeiro plano de ajuda UE-FMI, de 110 bilhões de euros, em maio de 2010, e permitiriam desbloquear novas ajudas, no valor total de 130 bilhões de euros, aprovadas em outubro passado. Sem esta nova ajuda, a Grécia poderá entrar em suspensão de pagamentos (default) ao final de março.
Os credores públicos e privados esperam com impaciência o aval político, depois de três semanas de tensas negociações. Os sindicatos convocaram novas manifestações em Atenas para quinta-feira à noite, dois dias depois da greve geral de 24 horas e de uma marcha de protesto contra estes novos sacrifícios na qual participaram mais de 20.000 pessoas.
A Grécia, que enfrenta seu quinto ano consecutivo em recessão, deve fechar também um acordo com seus credores privados para um perdão de 100 bilhões de euros de sua dívida soberana, que chega a 160% do PIB e que deve ser rebaixada para 120% até 2020. O governo planeja retomar as negociações na próxima semana. O ministro de Finanças, Evangelos Venizelos, anunciou que o acordo com os credores privados também será submetido ao voto do Parlamento.