Cerca de 5 mil metalúrgicos da indústria de produtos da linha branca protestaram hoje em São Carlos, no interior paulista, contra demissões promovidas por empresas do setor. A categoria reclama que, apesar da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre eletrodomésticos em 1º de dezembro, ao menos 40 empresas da região cortaram vagas.
Segundo organizadores do protesto, assessores do Ministério da Fazenda teriam manifestado disposição de conversar com a liderança da categoria, que reclama que a isenção do IPI pelo governo não teve contrapartida de manutenção dos empregos. Assessores do governo disseram que Brasília está acompanhando a questão e mantém contato tanto com empresários quanto com trabalhadores do setor.
Os trabalhadores reivindicam segurança para o emprego na linha branca e querem, também, mecanismos para proteger o conteúdo nacional no setor, assim como ocorre na indústria automobilística. Eles querem entregar ao governo federal propostas para proteger o emprego na cadeia da linha branca.
Concorrência
De acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, em média 80% das peças utilizadas na fabricação dos eletrodomésticos são produzidas pela indústria nacional, mas esse porcentual vem caindo por conta da concorrência dos importados, sobretudo chineses. "Os aparelhos estão sendo montados com produtos importados. Precisamos conversar com o governo e as montadoras para privilegiar o conteúdo nacional", afirmou.
Nobre defende que o governo imponha um porcentual mínimo de conteúdo nacional para a linha branca, assim como ocorre hoje no setor de automóveis, em que aqueles que não possuem ao menos 65% de conteúdo nacional são tributados com um IPI de 30 pontos porcentuais maior. Uma cifra mínima de exigência, no entanto, ainda precisa ser discutida, mas, segundo Nobre, deve ser maior ou em torno de 80%. "Gostaria que fosse 100%", disse o sindicalista. "Esse setor sempre teve porcentual elevado, em média de 80%. Então, a exigência poderia até ser maior do que esse número."
O sindicalista afirmou que representantes dos trabalhadores devem se reunir na semana que vem para debater os problemas que afetam as empresas da linha branca e a "indústria como um todo". As entidades também querem estender as manifestações para a capital paulista e outros Estados, ainda neste mês.