Os ministros das Finanças da Zona Euro descartaram nesta quinta-feira tomar alguma decisão sobre o desembolso do segundo pacote de ajuda à Grécia, afirmando que restam "muitos pontos a serem esclarecidos" após o acordo anunciado em Atenas. "Não haverá resultados" esta noite ao final da reunião do Eurogrupo, disse o ministro alemão Wolfgang Sch?uble em sua chegada a Bruxelas para o encontro com outros 16 ministros das Finanças da Zona Euro. "Ainda é cedo", completou.
Os três partidos do governo grego de união nacional (socialistas, conservadores e ultradireitistas) anunciaram pouco antes da reunião que chegaram a um "acordo geral" sobre o ajuste exigido pelos europeus em troca da ajuda de 130 bilhões de euros, pendente desde outubro do ano passado, que evitará a quebra do país.
O comissário de Assuntos Econômicos, Olli Rehn, confirmou que um acordo de princípio foi alcançado entre Atenas e seus credores institucionais, a "troika" formada pela União Europeia (UE), o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Central Europeu (BCE).
No entanto, "o governo e o parlamento grego devem convencer seus sócios de que honrarão seus compromissos com ações concretas para garantir o equilíbrio orçamentário e as reformas estruturais", disse. Ainda "há muito a ser esclarecido", disse por sua vez Jean-Claude Juncker, o chefe do Eurogrupo, como é conhecido o conjunto dos ministros das Finanças dos países que adotaram o euro como moeda.
"Não acredito que haja nada definitivo esta noite", advertiu. Também participou da reunião em Bruxelas a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, que comemorou os "sinais alentadores" provenientes da Grécia, mas também advertiu que "resta muito a ser feito". No entanto, "é uma boa maneira de começar a noite", completou.
Em sua chegada a Bruxelas, o ministro grego das Finanças, Evangelos Venizelos, pediu a seus parceiros que dessem "seu aval" ao pacto anunciado e garantiu que seu governo alcançou um acordo "sobre os principais parâmetros" exigidos pelos credores privados de Atenas.
Atenas também negociava com seus credores privados (bancos e fundos de investimento), um perdão de 100 bilhões de euros do total de sua dívida, que se eleva para cerca de 360 bilhões de euros. A ideia é reduzir a colossal dívida da Grécia de 160% de seu PIB a cerca de 120% até 2020, um nível considerado mais sustentável. No entanto, o ministro alemão disse que este acordo também não foi do completo agrado da UE e do FMI.
Segundo informações da imprensa, as medidas exigidas pela "troika" incluem um corte de 22% do salário mínimo (que passaria para 586 euros mensais para os 325.000 assalariados afetados), reduções nas pensões e uma supressão rápida de 15.000 empregos no funcionalismo público. Mas a população grega, com uma economia em recessão, se opõe a novas medidas de austeridade.