A Polícia Federal investiga a participação de pastores da Igreja Pentecostal do Evangelho Pleno no golpe da pirâmide financeira de suposta autoria do Grupo Filadélphia, empresa que intermediava empréstimos bancários em praças da Aeronáutica. Informações preliminares dão conta de que o total do prejuízo aos servidores e outros clientes da empresa de Lagoa Santa deve se aproximar do suposto rombo de R$ 100 milhões.
Nota enviada nesta sexta-feira pela corporação afirma que 'a Polícia Federal está levantando a qualificação dos detentores de vários veículos, arrestados pela Justiça, registrados em nome da empresa Filadélphia Empréstimos Consignados Ltda e de seus administradores, que ainda não foram apreendidos pela Polícia Federal'. A nota afirma ainda que 'tais veículos estariam na posse de empregados da empresa e pastores da Igreja Pentecostal do Evangelho Pleno".
Preventivas
Nessa quinta-feira, a Justiça decretou as prisões preventivas do presidente, 1º vice-presidente e do diretor Operacional do Grupo Filadélphia, esse último preso na segunda-feira. Os envolvidos foram presos por meio de prisões temporárias, que venceriam nos últimos dias.
O esquema
A Operação Gizé, em alusão às pirâmides do Egito, foi deflagrada na terça-feira (2) em Lagoa Santa e Belo Horizonte, quatro meses depois da reportagem do Estado de Minas denunciar o esquema com a publicação de contratos de empréstimo que pagavam juros de 2,5% a 5% ao mês mais poupança, mesmo depois de a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ter divulgado alerta sobre a atuação irregular da Filadélphia. A empresa intermediava empréstimos bancários. Assim, caso uma pessoa os procurasse a fim de obter um contrato de R$ 15 mil com um banco, eles a incentivavam a fechar contrato de R$ 25 mil, sendo que R$ 10 mil eram reinvestidos na empresa, que pagava 4% de juros ao mês por esse valor. Com isso, o valor das prestações do empréstimo era reduzido.
A remuneração acima do valor pago no mercado atraia interessados. Mas, além disso, dois diretores da empresa são sargentos da reserva da Aeronáutica e e serviam de apoio para captar novos investidores em todo o país. O presidente da empresa era pastor e usava a sua unidade da Igreja Pentecostal do Evangelho Pleno, com sede no município da Grande Belo Horizonte, para captar o restante dos interessados. Por esse motivo, o investimento era restrito aos militares e fiéis e pessoas indicadas por eles. As apurações preliminares apontam prejuízos individuais de até R$ 300 mil.