O Brasil precisa realizar sem demora as reformas estruturais se quiser conquistar melhores posições no cenário exportador mundial, diz o estudo Radiografia do Comércio Exterior Brasileiro, divulgado no Rio pela Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).
As exportações brasileiras por fator agregado em toneladas tiveram expansão significativa a partir de 1995, passando de 201 milhões de toneladas para 544 milhões, no ano passado. Desse total, 447 milhões de toneladas se referiram à exportação de produtos básicos, 45 milhões a produtos semimanufaturados e 46 milhões a produtos manufaturados.
O problema é que as vendas de commodities (produtos agrícolas e minerais comercializados no mercado internacional) respondem por mais de 80% dos volumes embarcados pelo país, em tonelagem. “Eu até brinco que o Brasil é um país exportador de peso. Com duplo sentido: peso, em termos de quantidade, e peso em importância. Porque 80% das nossas exportações, em peso, são commodities, disse à Agência Brasil o presidente em exercício da AEB, José Augusto de Castro. Em valor, as commodities representam 70% do total vendido.
“Por isso é que a gente diz que deveríamos ter uma excelente infraestrutura portuária, porque tudo isso é exportado por via marítima. Dá mais de 90%”, disse Castro.Como a logística de transporte do comércio exterior passa pelos portos, ele lembrou que em “um porto ruim, o custo da logística é alto”. Esse fator tira a competitividade do produto nacional.
Segundo o presidente da AEB, significa que o Brasil pode ser considerado um “exportador de empregos”. Isso ocorre, acrescentou, porque “vendemos a matéria-prima para a China, que transforma essa matéria-prima e vende o produto manufaturado para o mundo. E, eventualmente, para o próprio Brasil. Só que os empregos são gerados lá”.
Ele estimou que a tendência deve se manter. “Porque as reformas que têm de ser feitas não entram em vigor imediatamente. E elas não foram nem iniciadas”. Castro acredita que pelo menos nos próximos cinco anos, o cenário não deve se alterar.
O estudo revela ainda que no período 2000-2011, as quantidades exportadas pelo Brasil de produtos básicos cresceram 133%, enquanto as de produtos manufaturados e de semimanufaturados evoluíram, respectivamente, 84% e 104%.
A análise das quantidades exportadas por fator agregado em 2011, em comparação ao ano anterior, mostra crescimento de 5,4% nos produtos básicos, “graças ao minério de ferro”, e de 4,6% nos semimanufaturados, “amparados nos produtos de ferro e aço”. Os produtos manufaturados caíram 2,1%, em razão da diminuição dos embarques de açúcar refinado, de acordo com a AEB.