O Reino Unido teve sua nota máxima de solvência "AAA" ameaçada de rebaixamento pela agência Moody's nesta terça-feira devido à fragilidade de sua economia e à crise da vizinha Eurozona, mas o governo já anunciou que não irá mudar sua política de austeridade radical.
A agência de classificação financeira estuda retirar no médio prazo a nota máxima "AAA" deste país, assim como a de França e Áustria. O Reino Unido foi incluído, assim, no mesmo pacote que países da Eurozona dos quais tenta se desvincular de todas as formas possíveis.
O governo do primeiro-ministro conservador David Cameron optou por interpretar esta advertência inesperada como um estímulo para seguir em frente com seu programa de austeridade. "A advertência desta agência é muito clara: a nota do Reino Unido será rebaixada se nossa determinação política de nos ocuparmos da dívida enfraquecer ou se decidirmos fazer novos gastos ou pedir mais dinheiro emprestado", reagiu rapidamente o ministro das Finanças, George Osborne, que falou também de um "balde de realidade".
Apesar de medidas de economia de todo tipo, a desaceleração das receitas fiscais complica a tarefa do governo de reduzir uma dívida que superou pela primeira vez no fim de 2011 a marca simbólica do bilhão de libras.
Além disso, o Reino Unido não está protegido da crise na vizinha Eurozona, com a qual realiza uma parte importante de seus intercâmbios comerciais, lembrou a Moody's. A oposição trabalhista aproveitou a advertência para reiterar seus chamados a uma moderação do ajuste para reativar a economia. "Está claro que a austeridade não funciona, seja na Grécia, na Irlanda, no Reino Unido ou em outros países", afirmou o porta-voz das Finanças do partido trabalhista, Ed Balls.
A analista da Capital Economics Vicky Redwood considerou que a advertência da Moody's é um "leve golpe para o ministro das Finanças, mas também parece ratificar os planos de austeridade do governo".
A coalizão governamental de conservadores e liberais-democratas, no entanto, parece ter pouca margem de manobra, com uma economia à mercê dos sobressaltos da Eurozona e lares que estão reduzindo os gastos em um contexto sombrio.