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Estado de Minas

Grécia amarga e determinada diante de europeus intransigentes


postado em 15/02/2012 12:50

O cancelamento de uma reunião de ministros das Finanças da Eurozona sobre a Grécia prevista para acontecer nesta quarta-feira foi ressentido pelo governo grego que, apesar de acreditar que alguns de seus parceiros querem o país longe, assegura que respeitará as exigências.

"É necessário dizer a verdade ao povo grego, existem vários (países da Eurozona) que não nos querem mais. Precisamos convencê-los" de que a Grécia pode "renascer" e perdurar, declarou o ministro grego das Finanças, Evangelos Venizelos, acrescentando que o "país está no fio da navalha".

Ele assegurou que as condições impostas pela Eurozona à Grécia "serão preenchidas" até a teleconferência do Eurogrupo, prevista para as 16h00 GMT (14h00 de Brasília).

Os ministros das Finanças da Eurozona devem se reunir em Bruxelas nesta quarta-feira à noite para analisar a resposta de Atenas às exigências em troca do desbloqueio de um plano de ajuda de 230 bilhões de dólares: 100 bilhões de perdão da dívida pelos credores privados e 130 bilhões em nova ajuda para os credores públicos.

Na terça-feira, o presidente da zona do euro, Jean-Claude Juncker, afirmou que as autoridades gregas não responderam e que, por isso, a decisão sobre o novo plano de ajuda foi passada para segunda-feira, data da próxima reunião do grupo.

Os parceiros da Grécia esperam o detalhamento do plano de 325 milhões de euros em cortes de gastos adicionais que são exigidos para o orçamento de 2012 do país. Segundo a imprensa grega, parte desse montante virá de uma redução de cerca de 10% dos salários de regimes especiais (militares, policiais, juízes, diplomatas, acadêmicos, etc ...) e outra, da redução do orçamento dos ministérios, incluindo a Defesa.

Juncker ressaltou que "não recebeu garantias por escrito dos líderes da coalizão no poder na Grécia sobre a aplicação do programa de austeridade". Sobre isso, Atenas indicou na terça-feira que este projeto ficará pronto nesta quarta.

Resta resolver um outro desacordo: manter o nível da dívida pública grega reduzida a 120% até 2020 ou permitir que ela alcance um nível mais elevado, por exemplo 125%.

O ministro alemão das Finanças Wolfgang Sch?uble repetiu nesta quarta-feira a disposição de seu país em ajudar a Grécia, mas somente se o país não for um "poço sem fundo".

Mas Luxemburgo, quarto país da Eurozona que mantém a nota "triplo A" junto com Alemanha, Holanda e Finlândia, também manifestou sua impaciência nos últimos dias.

Seu ministro das Finanças, Luc Frieden, deu a entender que a Grécia pode ser excluída da zona do euro, caso não cumpra suas promessas de reformas e de reduzir o déficit público.

O tempo é curto: a operação de troca da dívida, que deve ser implementada por credores privados para perdoar deliberadamente 100 bilhões de euros de dívida grega, se receber sinal verde da Eurozona, deve durar várias semanas. A Grécia entrará em default no dia 20 de março caso não pague nesta mesma data 14,5 bilhões de euros de dívida.

Para uma pessoa ligada às negociações, o país vai "andar na linha", mas outro negociador acredita que os sucessivos adiamentos da tomada de decisão sobre o desbloqueio da ajuda é preocupante. "Faz a gente pensar que queremos o calote sem dizer nada", segundo ele.

Venizelos pediu ao povo grego que lute contra a saída da Grécia da Eurozona, "um cenário de terror não apenas para a Grécia, mas para a economia global".

Caso isso aconteça, "a margem de incerteza será grande, pois entraremos na espiral de eventos difíceis de controlar", reconheceu Altafaj, evocando "consequências sociais devastadoras" e consequências "graves" para a Eurozona e a UE.

No Parlamento europeu, o eurodeputado verde Daniel Cohn-Bendit atacou o "Taliban neoliberal vigente na Europa", acusando-os de agir "de maneira criminosa na Grécia através da imposição de medidas de austeridade cada vez mais fortes".


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