Parte do iPad de Eike Batista será fabricada na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), segundo fontes ligadas ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). O empresário anunciou que a fabricação de telas de display líquido (LCD) será sediada em Minas Gerais, em parceria com a taiwanesa Foxconn, que produz os tablets da Apple. A gigante asiática, que já havia confirmado uma linha de produção em Jundiaí, no interior de São Paulo, não comenta as declarações de Batista. O Vetor Norte da RMBH já foi, segundo o prefeito de uma das cidades da região, definido pelo governo para atrair a fábrica. “Ribeirão das Neves, Confins ou São José da Lapa são as candidatas mais fortes”, diz a fonte.
A região metropolitana tem posição privilegiada para atrair o empreendimento, cuja instalação depende, por exemplo, de distância da costa, combinada com facilidade de logística. Os componentes usados na fabricação de displays sensíveis ao toque são circuitos eletrônicos também sensíveis à umidade. “É muito provável que alguma cidade da RMBH receba o empreendimento, devido à proximidade com o aeroporto e a abundância de universidades formadoras da mão de obra especializada, que é essencial ao negócio”, disse a fonte.
Episódio marcante na novela em que se transformou a instalação das novas fábricas da Foxconn no país foi o atraso no cronograma inicialmente divulgado pelo governo. Não faltou ministro apostando que em setembro já haveria iPad brasileiro. A carência de mão de obra foi um dos principais entraves, além de complicações de licenciamento em Jundiaí.
A EBX, de Eike, não confirma qual cidade deverá receber a fábrica, com os investimentos de US$ 2,5 bilhões anunciados pelo presidente do grupo, mas fontes do MDIC, ligadas às negociações do governo com a companhia, confirmam que a RMBH já foi sobrevoada por executivos da empresa taiwanesa e que está à frente na disputa. O número indicado por Eike, contudo, é inferior aos US$ 4,1 bilhões inicialmente estimados para investimento em cada uma das fábricas.
Negociação direta com o governador
Por meio de nota, o governo do estado confirmou que “existe um processo de negociação, no momento coordenado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para que a empresa taiwanesa Foxconn instale uma unidade no estado”. O banco confirma, mas declina do comentário a respeito da localização específica da fábrica. “É um assunto de alto escalão, porque o salto industrial de investimentos nesse setor seria o equivalente ao que a indústria automobilística representou no Brasil dos anos 1960”, comenta uma das fontes que acompanharam os bastidores das conversas entre Eike e o governo estadual. Outra pessoa ligada à movimentação contradiz o BNDES e indica que o estágio da conversa é avançado: “O governador pilotou pessoalmente todas as negociações, fez um grupo que atuou diretamente com ele. Minas ganhou muito”.
Na visita da presidente Dilma à China, em abril do ano passado, o diretor-executivo da Foxconn havia prometido que as unidades da empresa já existentes no país fabricariam iPads até o fim do ano passado. O procedimento saiu do planejamento da empresa, cuja assessoria de imprensa no Brasil já descartou, por exemplo, a possibilidade de a unidade da companhia em Santa Rita do Sapucaí, no Sul do estado, produzir o equipamento. A planta é dedicada à fabricação de placas que alimentam computadores da HP.