Os gregos saem novamente nesta quarta-feira às ruas para protestar contra os novos cortes, ao mesmo tempo em que o Parlamento tenta agilizar a aprovação da nova legislação imposta pela Eurozona em troca de um gigantesco pacote de ajuda e do perdão parcial da dívida em mãos privadas.
As manifestações serão realizadas enquanto a Comissão Econômica do Parlamento começa a examinar o projeto de lei sobre o acordo com os credores privados para o perdão parcial da dívida grega, em caráter de urgência.
No dia seguinte ao acordo alcançado com muitas dificuldades pelos ministros de Finanças da zona do euro em Bruxelas, a resposta das centrais sindicais, como era de se esperar, foi negativa.
"Todos juntos podemos barrar os novos cortes das aposentadorias", afirma a Confederação Geral de Trabalhadores (GSEE) e a Federação de Funcionários públicos (Adedy), que convocaram os manifestantes para a Praça Syntagma às 14H00 GMT (12H00 de Brasília), em frente ao Parlamento.
"As medidas que serão votadas no Parlamento sobre os novos cortes constituem um tiro de misericórdia para os pensionistas e para o sistema de segurança social do país", dizem os sindicatos.
O sindicato pró-comunista Pame mobilizará também seus membros às 16H00 GMT (14H00 de Brasília) em Atenas e realizará uma manifestação na Salônica (norte).
A situação social continua muito tensa no país. A última grande mobilização, realizada em 12 de fevereiro, levou às ruas 100.000 gregos, sendo 80.000 deles em Atenas, após a aprovação pelo Parlamento do novo programa de austeridade.
Na madrugada de terça-feira, a Eurozona finalmente aprovou o novo plano de resgate para a Grécia, que poderá totalizar 237 bilhões de euros.
"Alcançamos um acordo amplo que inclui uma ajuda pública e um perdão da dívida sem precedentes dos bancos credores do país, destinados a garantir o futuro da nação na zona do euro", declarou o presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, à imprensa. "Esse pacto garantirá a permanência de Atenas na zona do euro", completou ele após a reunião de quase 13 horas dos 17 ministros de Finanças da Eurozona.
O acordo obtido reduzirá a dívida grega a 120,5% do PIB em 2020, disse uma fonte europeia. A dívida equivale atualmente a 160% do PIB (350 bilhões de euros) e a meta inicial era reduzi-la a 120% até o mesmo período.
Nesta quarta-feira, o governo grego anunciou a revisão para cima do déficit público previsto para 2012, para 6,7% do PIB, frente aos 5,4% anunciados anteriormente, devido à recessão em 2011 mais profunda que a prevista.
"Devido a uma recessão mais profunda, são previstas diferenças em relação às revisões iniciais e aos resultados de 2011, e por isso é preciso revisar os dados de 2012, segundo os objetivos previstos em função da lei de saneamento das finanças públicas", diz um projeto de lei divulgado nesta quarta-feira e que detalha as medidas de austeridade impostas à Grécia pelo novo plano de ajuda europeu.
O Parlamento deve adotar essa lei nos próximos dias, em um procedimento de urgência, segundo uma fonte do Ministério grego de Finanças.
Contudo, agora se sabe que não haverá nenhum superávit primário até 2013, conforme adiantou na terça-feira o ministro de Finanças, Evangelos Venizelos.
A nova projeção se anuncia após aprovação parlamentar de 12 de fevereiro de uma lei que avaliou um programa de cortes de 3,2 bilhões de euros, reclamado pelos credores da Grécia para salvar o país da quebra.
A Grécia entrou em seu quinto ano de recessão. A contração do PIB grego em 2011 devia ser de 5,5%, mas as últimas estimativas são de 6%.