A China condicionou nesta quinta-feira sua eventual ajuda para resolver a crise da dívida soberana na Europa à suspensão de duas investigações sobre dumping (venda de produtos abaixo do preço de mercado) e subsídios abertas pela União Europeia, informou o Ministério do Comércio em seu site.
A União Europeia iniciou no dia 21 de dezembro uma investigação por dumping às importações de certos tipos de aço revestidos de matéria orgânica procedentes da China e na última quarta-feira outra para averiguar se o governo subsidia estes produtos.
"Enquanto a economia mundial prosseguir sem pôr fim à crise financeira e vários países europeus estiverem afundados na crise da dívida soberana, todos os países devem adotar uma atitude cooperativa, aberta e tolerante para superar juntos a crise", segundo o Ministério chinês.
"Contudo, a investigação sobre os subsídios da Europa envia ao mundo exterior um péssimo sinal protecionista que ofusca tanto o comércio regular entre Europa e China em matéria de aço como os esforços conjuntos sino-europeus para responder à crise" da dívida, considera o Ministério.
Os profissionais chineses do setor manifestaram seu "forte descontentamento" por estas investigações, assegura o Ministério, que considera que são "contrárias às regras da OMC", antes de afirmar que seguirá com "grande cuidado o desenvolvimento deste tema".
Na semana passada, a China reiterou seu apoio à integração europeia e ao euro. O governador do banco central, Zhu Xiaochuan, afirmou recentemente que a instituição irá "continuar comprando títulos da dívida dos Estados europeus, ao mesmo tempo em que garantiu sua segurança, sua liquidez e a apreciação de seu valor".
A China conta com as maiores reservas em divisas do mundo - cerca de 3,2 trilhões de dólares no fim de dezembro - e divulgou em várias ocasiões que poderia contribuir com o fundo de ajuda europeu criado para socorrer os países com dificuldades para financiar sua dívida soberana.
Segundo estimativas de especialistas europeus não confirmadas oficialmente, a China investiu mais de meio trilhão de dólares em dívida soberana europeia.
Em sua visita a Pequim no final de outubro passado, o diretor do FEEF, Klaus Regling, informou que 40% dos títulos da dívida emitidos pelo fundo desde janeiro de 2001 foram adquiridos por países asiáticos, mas não precisou a participação da China, enquanto que o Japão anunciou ter comprado a metade (20%).
A investigação europeia foi aberta em meio a uma queda dos ganhos da Associação Europeia de Aço (Eurofer), que representa mais de 70% dos produtores europeus dos produtos afetados.
Eles acreditam que seus competidores chineses se beneficiam de subsídios sob a forma de isenções fiscais e compras efetuadas pelo governo chinês abaixo do preço do mercado, de acordo com o site da Comissão Europeia.
A Comissão afirmou que a investigação durará 15 meses.