Mais uma vez, a cautela predomina nos mercados internacionais, em meio às dúvidas sobre o resgate da Grécia e após previsões mais pessimistas da União Europeia (UE) para a economia da zona do euro. Enquanto a liquidez volta aos poucos ao mercado brasileiro, depois do recesso de carnaval, os investidores têm pela frente uma agenda robusta de indicadores no Brasil e nos Estados Unidos. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) abriu em leve queda hoje e, às 11h18, perdia 0,34%, acompanhando a tendência na Europa e nos índices futuros das bolsas americanas.
A Alemanha informou hoje que o índice de sentimento das empresas do país subiu para 106,6 em fevereiro, a leitura mais alta desde julho do ano passado. Economistas esperavam um aumento para 108,8. As principais bolsas europeias, que registravam ganhos moderados no início do dia, eram puxadas principalmente pelos dados da Alemanha, mas passaram a ser pressionadas pelas revisões, em baixa, das estimativas para a economia da zona do euro (que reúne os 17 países que utilizam o euro como moeda).
Em relatório, a Comissão Europeia - braço executivo da UE - afirmou que a zona do euro deve voltar a registrar recessão em 2012. A previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) da região foi revisada para uma contração de 0,3% no primeiro trimestre deste ano, após a queda de 0,3% verificada nos últimos três meses de 2011. Tecnicamente, ocorre recessão quando o PIB é negativo por dois trimestres seguidos.
No acumulado de 2012, o PIB da zona do euro deve ter uma contração de 0,3%, enquanto a economia da UE deve ficar estável ante 2011. Em novembro do ano passado, a Comissão Europeia previa que a economia da zona do euro cresceria 0,5% em 2012, enquanto a UE teria expansão de 0,6%. O Reino Unido, porém, deve crescer 0,6% em 2012 - mesmo índice da pesquisa anterior, o que dá certa sustentação à Bolsa de Londres nesta manhã.
Na Grécia, seguem as incertezas em relação ao acordo de resgate fechado na madrugada de terça-feira. Hoje, o Parlamento do país vota o projeto que permite ao governo prosseguir com a reestruturação da dívida detida pelo setor privado. Para analistas, o governo grego não conseguirá adesão suficiente para a troca voluntária de dívida e partirá para o default forçado, por meio da imposição de cláusulas de ação coletiva (CACs). O uso desse instrumento está previsto no projeto a ser votado hoje. "Se houver um default da Grécia, as bolsas caem um pouco, mas depois voltam. O peso da Grécia é pequeno na zona do euro - o problema maior são as outras economias", afirmou o operador.