A aeronave, explica ele, trouxe uma comitiva da gigante taiwanesa Foxconn para conhecer o município. A multinacional asiática, cujo faturamento anual gira em torno de US$ 100 milhões, pretende erguer um complexo tecnológico na região, estimado em R$ 2,5 bilhões, para produzir telas e componentes para iPad. Esse é um dos projetos que mais interessam ao governo de Minas na atualidade. E a pacata Funilândia é séria candidata a receber a planta da empresa, pois está a apenas 47 quilômetros do Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins.
Os estrangeiros chegaram ao lugarejo, cuja economia é domada pela agropecuária, às 8h30. Escoltados pela Polícia Militar, entraram em carros com ar condicionado, passaram em frente à barbearia de Lilico, entraram na MG-424 e seguiram até próximo à vizinha Prudente de Morais. Por cerca de duas horas, observaram extensas terras vazias. Durante toda a visita, evitaram conversar com os nativos. “Aliás, só falavam em inglês”, conta uma pessoa, que prefere o anonimato, ligada à política local.
O sonho dela de melhoria da economia local com geração de mais empregos e renda é o mesmo de Elcimar Miranda, de 57, o maior empregador privado do lugarejo. Dono de uma farmácia e de uma mercearia, ele conta com 12 colaboradores. “Se os asiáticos vierem, tudo ficará diferente. Já planejo ampliar a mercearia.” Lilico também está otimista: “A economia de Funilândia vai engordar”.
Principal carência
A cidade que sonha entrar para a rota do desenvolvimento econômico de Minas terá de receber pesados aportes em infraestrutura se quiser abrigar a fábrica da Foxconn. A começar pela rodovia que liga o município à vizinha Prudente de Morais: o asfalto da MG-424, de pista simples e sem acostamento, precisa ser reparado, pois o piso dos 14 quilômetros está bastante desgastado. A ausência de acostamento é outro predicado negativo.
Também faltam investimentos em telefonia. Apenas a Claro explora o setor no local. A rede bancária é outro problema. Somente uma agência do Bradesco e um posto do Banco do Brasil, que funciona em parceria com os Correios, atendem os moradores. No caso de hospedagem, Funilândia conta com uma pousada e um pequeno hotel. Posto de combustíveis? Apenas um.
O prefeito Leonardo Azeredo já reconheceu que o município precisa de investimentos em infraestrutura, caso seja escolhido para abrigar a unidade da Foxconn. Ele pretende conseguir, amanhã ou nos próximos dias, uma audiência com o governador Antonio Anastasia ou representantes do estado para saber detalhes da negociação.