A Fiat deu a largada das obras para expansão da produção de automóveis em Betim, na Grande Belo Horizonte, que sairá dos atuais 800 mil carros por ano para 950 mil anuais a partir de 2014. Depois da luta judicial que vinha impedindo a liberação de um terreno de 1,96 milhão de metros quadrados ao lado da fábrica, a montadora finalmente deu início aos serviços de terraplenagem. A Fiat confirmou nessa segunda-feira, por meio de sua assessoria de imprensa, o início, durante o carnaval, das intervenções na área doada pela Prefeitura de Betim para receber parte da ampliação propriamente dita e fornecedores de peças e partes dos veículos.
Os detalhes do plano de atração dos fornecedores não foram informados. De acordo com a montadora, o processo está ainda na fase de negociações com as empresas e orçamento da expansão também não teria sido fechado. O projeto faz parte dos investimentos de R$ 7 bilhões anunciados pela Fiat em 2010 para o período de 2011 a 2015, cifra que responde por 70% dos investimentos previstos na ampliação de suas atividades no Brasil em cinco anos. O terreno que servirá à fábrica de Betim fica em área contígua à das linhas de produção, à esquerda da portaria 2.
Segundo a secretária de Estado de Desenvolvimento Econômico, Dorothea Werneck, a expectativa do estado, que esteve envolvido na batalha judicial pela liberação do terreno, é de que a Fiat atraia um cinturão importante de fornecedores em geração de emprego e renda. “O projeto começa para valer e tem um significado especial para reforçar o pólo automotivo da Grande Belo Horizonte”, afirma a secretária. Em princípio e em números redondos, o governo estadual considera a perspectiva de abertura de 4 mil vagas na operação da fábrica e fornecedores, tendo em vista um contingente, hoje, ao redor de 20 mil empregados.
Para Betim, que tem nos planos da montadora italiana o maior investimento na economia local, a ampliação é quase como partir para uma nova planta industrial, observa a prefeita Maria do Carmo Lara. “Agora, vamos acompanhar a implantação e torcer para a atração de novos recursos e empregos para a cidade”, diz. O município abriga dois outros grandes projetos, de implantação de um centro de distribuição da indústria têxtil Coteminas e de expansão da Toshiba, do setor elétrico, e conta com dois condomínios industriais privados recentemente criados.
Oportunidades
Para as empresas locais, a expansão da Fiat é aguardada como ponto de partida de novas oportunidades, com a geração de negócios para o comércio e a indústria, conta Tomaz Antônio Brum, presidente da Associação Comercial, Industrial, Agroopecuária e de Serviços (Aciabe). “A expectativa é a melhor possível, embora nos preocupe o cronograma das obras de construção de alças viárias para liberar o escoamento da produção industrial da região, que hoje já convive com um tráfego pesado”, afirma. Está sendo discutida pelas lideranças de empresários e a prefeitura a construção de duas alças viárias para ligarem a área industrial no entorno da Fiat às proximidades da Ceasa Minas (Companhia de Abastecimento do estado) e à BR-040, obras que competem ao governo federal.
Tomaz Brum lembra que a liberação da área para expansão da Fiat vem sendo cogitada há cerca de cinco anos, quando o Conselho do Plano Diretor de Betim, o qual ele integra, aprovou a mudança na infraesturura urbana que tornou possível a doação do terreno. Só no fim do ano passado foi concluído o processo de desapropriação da área, iniciado em 2009. A liberação foi parar na Justiça, em função de disputa de um dos proprietários, inconformado com o valor oferecido. Em dezembro, o juiz Marcelo Trigueiro, titular da 2ª Vara Cível de Betim, liberou a emissão de posse de um terreno de 253 mil metros quadrados, mediante o pagamento pela prefeitura de valor superior a R$ 5 milhões para a então proprietária, Mil Distribuidora. Só aí é foi possível concluir a doação à Fiat.