A Comissão Europeia exigiu que a Espanha explique as causas dos desvios de déficit em 2011 e apresente nos próximos dias seu orçamento para 2012, antes mesmo de começar o debate sobre uma flexibilização das metas exigidas ao país para este ano. "Precisamos de mais informações para analisar as conclusões tomadas pelas autoridades espanholas", disse o porta-voz comunitário Olivier Bailly em uma coletiva de imprensa.
A Espanha se comprometeu no ano passado a reduzir seu déficit para até 4,4% do PIB em 2012, no momento em que era previsto um leve crescimento da economia espanhola e um fechamento de 2011 com um déficit de 6% do PIB.
Contudo, o governo conservador de Mariano Rajoy anunciou na segunda-feira que o déficit público espanhol aumentou em 2011 para 8,51% do PIB, muito superior a meta de 6% prometida pelo governo socialista anterior. "Precisamos entender este desvio fiscal: se é um problema das regiões autônomas (...) se foi um problema do governo central (...) o que aconteceu", afirmou Bailly.
O porta-voz pediu que a Espanha apresente o seu Orçamento de 2012 nas próximas semanas, ao invés do final de março como era previsto, pois o "desafio é grande demais". "Queremos que as autoridades espanholas nos expliquem como vão fazer para alcançar o orçamento de 2012", ressaltou. "O governo espanhol se comprometeu diante da Comissão e de seus 16 sócios da Eurozona a reduzir o déficit público para 3% do PIB em 2013", lembrou Bailly.
"Sabemos que as metas de déficit de 4,4% do PIB em 2012 e de 3% em 2013, serão difíceis de alcançar pela economia espanhola, pelo governo espanhol e pelos próprios espanhóis", admitiu. "Até agora nunca flexibilizamos as regras", disse. Para ele a Comissão irá precisar do apoio dos 16 membros.
O ministro de Finanças e Administrações Públicas, Cristóbal Montoro, não quis se pronunciar na segunda-feira se o seu país vai negociar uma nova meta de déficit para 2012, no lugar da atual 4,4% do PIB. "Os cenários são diferentes" aos do momento em que as previsões foram feitas, limitou-se a afirmar. "Os pontos de partida são diferentes", por isso é necessário "esclarecer a situação para todos", acrescentou o ministro.
Muitos economistas consideram que a meta de 4,4% do déficit em 2012 não é realista para a Espanha. Após 0,7% de crescimento econômico em 2011, a Eurostat prevê um descenso de 1% da atividade, mas o Banco Central já considera uma contração de 1,5% e o Fundo Monetário Internacional (FMI) de 1,77%.
Para alcançar o déficit de 4,4% do PIB (que significa o corte de mais de 40 bilhões de euros), o governo de Rajoy já anunciou cortes orçamentários de 8.900 milhões de euros, aumento de 6.300 milhões de impostos e um plano anti-fraude, com o qual se espera recuperar 8.200 milhões. Segundo fontes governamentais citadas pela imprensa, a Espanha previu apresentar à Comissão Europeia uma nova meta de seu déficit superior a 4,4%.