O Banco Central Europeu (BCE) isolou a Grécia das instituições financeiras que terão acesso à operação de refinanciamento de suas dívidas na Europa. Nesta quarta-feira, a autoridade monetária deverá lançar a segunda operação de empréstimos num prazo de três anos com fundos ilimitados. O objetivo é alimentar com liquidez os bancos da Zona do Euro, desestabilizados pela crise. Ontem o BCE anunciou que no momento não aceita os títulos da dívida grega como garantia para as instituições que buscam o refinanciamento. Para isso, levou em conta o rebaixamento da dívida da Grécia pela agência Standard & Poor's, que situou o pais na categoria calote seletivo (selective default).
A decisão do BCE afeta, em especial, os próprios bancos gregos, os que mais têm dívida pública de seu país e que até agora as apresentavam ao 'xerife' do mercado financeiro europeu como garantia para solicitar créditos. O BCE informou que os bancos centrais nacionais poderiam prover liquidez usando a chamada "assistência de liquidez de emergência", até que o esquema de qualificação de colaterais (as garantias dadas como aval para a operação de crédito), de 35 bilhões de euros, seja ativado, tornando os bônus gregos novamente elegíveis em princípio, o que deve acontecer em meados de março.
Diante disso, economistas e analistas de mercado ouvidos pelo Estado de Minas não esperam um calote grego. "Quando uma instituição financeira faz uma posição alavancada (empréstimos), tem que deixar garantias em dinheiro, ações ou bens porque, se algo sair errado, isso evita que essa operação contamine outras esferas do sistema financeiro", explica André Perfeito, economista da Gradual Investimentos. Para os especialistas, a economia real na Europa, em contraposição à do mundo financeiro, que tem mais liquidez, parou de piorar.
Para Antônio Madeira, economista-chefe da MCM Consultores, o bloqueio imposto à Grécia é um procedimento do BCE. Na opinião dele, a situação se normalizará em março, quando houver a troca de papéis na Grécia, já que o país vai emitir novos títulos, com vencimento até 2042. Ontem, foram registrados novos protestos contra as medidas de austeridade em frente ao Parlamento grego. "As medidas têm o objetivo de melhorar a situação da economia europeia, mas são paliativas. O cenário continua nebuloso da Zona do Euro", avalia Felipe Queiroz, analista da Austin Rating, agência classificadora de risco.
Ajustes em Portugal seguem com riscos
Pela terceira vez, nesta terça-feira, em Lisboa, os credores internacionais da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI) concluíram que o ajuste de Portugal para o programa de resgate de 78 bilhões de euros está encaminhado, mas alertaram que desafios e riscos de recessão continuam. "A meta de déficit fiscal para 2012 permanece dentro do alcance. Espera-se que ela chegue a 4,5% do Produto Interno Bruto(PIB) com as atuais políticas, desde que os riscos de recessão no cenário econômico não se materializem", informou a troika (missão de assistência técnica que integra membros do Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu). (Com agências)