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Estado de Minas

Queda do desemprego em BH é a maior em 16 anos

Taxa cai para 5,1% em janeiro contra 7,7% no mesmo mês de 2011. Mas ainda há 125 mil desocupados na região mesmo com 20 mil postos abertos. Qualificação gera nova realidade


postado em 01/03/2012 06:00 / atualizado em 01/03/2012 06:44

Auxiliar de enfermagem, Josiane Amaro migrou de emprego e hoje trabalha como auxiliar administrativa na Construtora Lider e projeta voo mais alto(foto: Jackson Romanelli/em/d.a press)
Auxiliar de enfermagem, Josiane Amaro migrou de emprego e hoje trabalha como auxiliar administrativa na Construtora Lider e projeta voo mais alto (foto: Jackson Romanelli/em/d.a press)

 

Encontrar o profissional ideal para uma vaga de emprego pode ser uma tarefa árdua. Num cenário em que a taxa de desemprego se revela cada vez menor, o exercício para encontrar trabalhadores adequados ao perfil de vagas disponíveis requer suor, principalmente quando se trata de postos que exijam baixa qualificação, quando o empregador não está disposto a aumentar o valor pago para essas funções.

A evolução econômica, associada ao aumento da escolaridade, cria uma classe de profissionais mais evoluídos que as oportunidades de emprego, com isso, as mais de 20 mil vagas ofertadas na Grande BH ficam sem ser preenchidas, apesar de haver 125 mil desocupados na região, segundo dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego divulgada nessa quarta-feira pela Fundação João Pinheiro e pelo Dieese. O mesmo estudo mostra que a taxa de desemprego na capital mineira em janeiro ficou em 5,1% ante 7,7% em igual período do ano passado, o que significa queda de 33,77%, ritmo quase quatro vezes maior que a média nacional e a maior redução da série histórica, iniciada em 1996.

No comparativo com dezembro, apenas Belo Horizonte e Recife apresentaram leve queda na taxa de desemprego, contrariando a lógica que o último mês do ano tem menor taxa ante o primeiro do ano seguinte por causa das contratações temporárias. Entre as regiões pesquisadas, a taxa de desemprego cresceu em São Paulo (de 9% em dezembro para 9,6%), Salvador (14,1% para 15%), Fortaleza (7,7% para 8,1%), Porto Alegre (6,4% para 6,5%) e no Distrito Federal (11% para 11,5%), enquanto Recife seguiu a capital mineira (redução de 12,2% para 11,9%). Na média, a taxa de desemprego subiu no país de 9,1% em dezembro para 9,5% em janeiro e recuou em relação a janeiro do ano passado (10,4%).

Coordenadora da pesquisa, a técnica do Dieese, Gabrielle Selani, considera surpreendente a estabilidade do índice de desemprego na Grande BH em janeiro. “Normalmente o que experimentamos em janeiro é uma ligeira ascensão da taxa de desemprego, causada pela desaceleração natural da economia com o fim das festas de final de ano. Esse é um resultado muito positivo”, destaca.

Apesar de janeiro ser conhecido pela demissão massiva de contratados temporários, o comércio registrou estabilidade no cálculo entre demissões e contratações, permanecendo com 356 mil contratados. Enquanto isso, a construção civil apresentou acréscimo de 15 mil vagas, sendo setor mais destacado no período, com crescimento de 8,8% ante dezembro. A indústria também empregou 4 mil pessoas. “É resquício dos trabalhos de Natal. Pode ter havido manutenção dessas vagas por tempo mais longo. É preciso esperar os dados do próximo mês para saber se essa tendência vai se fixar no resto do ano”, afirma a analista de Pesquisa e Ensino da Fundação João Pinheiro (FJP) Flávia Xavier.

A taxa muito baixa de desemprego, no entanto, cria certas dificuldades para contratação. Apesar de no Ministério do Trabalho haver oferta de vagas, elas não se encaixam no perfil dos interessados. “A maior parte é voltada para operador de telemarketing e caixa de supermercado. E esses são postos pouco atraentes. Com a melhora da economia familiar, as pessoas podem esperar por uma vaga melhor. As demais são postos que a mão de obra disponível não está qualificada para atender”, afirma Flávia. Confirmando a maior facilidade em conseguir emprego, o tempo médio de procura por trabalho caiu de 41 para 26 semanas no comparativo entre janeiro de 2011 e 2012.

Escolaridade

A justificativa para isso está também no aumento do nível da escolaridade. A possibilidade de acesso aos estudos faz com que a mão de obra com baixa qualificação se torne escassa, mas, em contrapartida, esse mesmo profissional não tem currículo suficiente para se candidatar aos melhores postos. “O que a gente tem são profissionais ‘meia-boca’. Eles não têm qualificação suficiente para um alto escalão e também não querem aquelas vagas pouco atrativas. Se quiser achar o príncipe encantado, tem que pagar mais”, afirma o chefe do Setor de Demografia do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar), órgão da UFMG, professor Eduardo Rios-Neto. “É a democracia do mercado. Caso contrário, a solução é dispensar a faxineira por uns dias e lavar os pratos em casa. Bem-vindo ao desenvolvimento”, diz o professor da UFMG.

Participante dessa dança em busca de melhores salários, a auxiliar de enfermagem Josiane Amaro Martins Dornelas viu um mercado de trabalho promissor para mudanças e não titubeou. “Trabalhei como corretora de imóveis e agora sou auxiliar administrativa na Construtora Lider”, conta. O salário subiu cerca de 30% e Josiane não pretende parar por aí. “Vou voltar a estudar e quero crescer dentro da empresa”, planeja ela.

Daqui para o futuro
Perspectiva de valorização

Depois de repetir taxas recordes de percentual de empregados, a tendência para os próximos meses é que a redução mês a mês ocorra numa aceleração mínima até atingir um patamar de estabilidade. E, com isso, os rendimentos devem ter aceleração superior à da inflação, garantindo ganhos reais aos trabalhadores. Isso se dá por causa da possibilidade de se criar uma ciranda de vagas em busca de melhores remunerações. Além disso, se optar por manter seu quadro de funcionários, a empresa é praticamente obrigada a pagar melhor. Caso contrário, seus contratados podem entrar na dança.


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