O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta quinta-feira 1, que a mudança na cobrança de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em empréstimos no exterior "é uma medida importante para o câmbio". Ele destacou que a empresa que pegar empréstimo lá fora com menos de três anos terá que pagará 6% de IOF. "Estamos desestimulando a entrada de capital de mais curto prazo no Brasil. Hoje há uma sobra de liquidez no mercado internacional", justificou. Mantega destacou que os países avançados estão expandindo o crédito, praticando uma política monetária expansionista.
"Estão reduzindo os juros e aumentando o volume de crédito. O problema é que este crédito não vai para o setor produtivo, mas para o setor financeiro que tem que aplicar estes recursos", disse. O ministro afirmou ainda que, como a oportunidade de ganho de rendimento é pequena nos países avançados, as aplicações estão indo para países emergentes mais sólidos que pagam uma maior rentabilidade. Mantega destacou, no entanto, que investimento direto é bem vindo. "Estou falando de recursos financeiros que vem fazer arbitragem", afirmou.
Câmbio
O ministro ressaltou que o aumento do IOF para empréstimos de até três anos contraídos no exterior é importante para o câmbio. "Nas últimas semanas, notamos um movimento de valorização do real. Há uma trajetória ruim para a economia brasileira", disse. Ele afirmou que, quando o real se valoriza, "diminui a competitividade das empresas brasileiras". "É a chamada guerra cambial", disse. "O governo não verá impassível essa guerra. Temos de nos defender".
Uma das estratégias citadas pelo ministro é a compra de dólares. "Vamos comprar, já estamos comprando via Banco Central em leilões diários. E, como está havendo tomada de crédito em grande escala, estamos penalizando quando esse crédito é de curto prazo. O governo continuará tomando medidas para impedir que o real se valorize, prejudicando a produção brasileira", disse.
IED
O governo não cogita taxar o Investimento Estrangeiro Direto (IED), que é saudável para o País, porque gera emprego e paga imposto, disse o ministro. No entanto, ele lembrou que houve uma mudança na tendência do câmbio nos últimos dias, com valorização do real. Com as medidas do governo, disse, o câmbio neste momento está se desvalorizando.
Mantega disse que as medidas adotadas pelo governo nos últimos anos têm sido efetivas. Ele destacou que o real estava em torno de R$ 1,55 por dólar no primeiro semestre de 2011. "Tomamos várias medidas de derivativos e etc e, no segundo semestre, o câmbio desvalorizou", disse.
Novamente citando um estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI), Mantega defendeu a eficácia das intervenções do governo. "O câmbio estaria abaixo de R$ 1,50 se não fossem as medidas", disse. Ele destacou que o Brasil está sólido e estável e, por isso, é normal que haja uma procura pelo Brasil para aplicação de recursos. "Os que trabalham na órbita da especulação devem ser penalizados", afirmou.