Os líderes da União Europeia (UE), reunidos em Bruxelas nesta quinta-feira, vão tentar acabar com as divergências sobre as formas de impulsionar o crescimento, em uma cúpula dedicada ao plano alemão de disciplina fiscal na Europa.
"Tenho certeza de que irão concordar comigo que um pouco menos de drama não faria mal a ninguém", disse o presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso antes do encontro, que começa às 18H00 (14H00 de Brasília).
Chefes de Estado e de Governo da UE discutirão durante dois dias medidas para impulsionar o crescimento em um continente que vai terminar o ano em recessão, de acordo com previsões recentes, e atormentado pelo desemprego, que atingiu um recorde de 10,7% no bloco dos 17 países da Eurozona.
"A UE, nos últimos meses, dedicou suas atenções para a estabilidade financeira", destacou o mandatário belga, Elio di Rupo.
Mas, as opiniões dos 27 são "muito diferentes", acrescentou Di Rupo, evocando o eixo franco-alemão e as receitas econômicas defendidas por 12 países, liderados pelo primeiro-ministro britânico David Cameron.
"Os objetivos são os mesmos, os meios para atingir estes objetivos são completamente diferentes", lamentou o primeiro-ministro da Bélgica.
Doze países, entre os quais a Espanha, enviaram uma carta ao presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, e para Barroso, pedindo "um forte estímulo com sinais específicos para impulsionar o crescimento europeu".
Tudo indica que este será o tema mais importante da reunião depois do cancelamento da reunião de líderes da Eurozona, que estava prevista para sexta-feira para decidir o reforço do Pacto de Estabilidade Europeu, o fundo de resgate permanente criado para ajudar os países com problemas financeiros nos mercados da dívida.
Os europeus decidiram adiar esta decisão para o final de março com o objetivo de dar mais tempo a Berlim, que está muito reticente na criação desta "porta corta-fogo" tão resistente, afirmou uma fonte europeia.
A Alemanha, maior economia da Europa, acredita que não há urgência para dar mais força a esta porta corta-fogo, apesar da pressão da comunidade internacional e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Os líderes europeus esperam que o novo pacto entre em vigor em julho com uma capacidade de empréstimo de 500 bilhões de euros, substituindo o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF).
A ideia é aumentar a capacidade para 750 bilhões de euros, dar poder para que possa investir no mercado de dívida e recaptalizar os frágeis bancos europeus.
No entanto, todos os líderes europeus acreditam que a Alemanha cederá, sobretudo depois que a maioria dos países da UE assinarem um restrito pacto de conduta fiscal.
A sua ratificação foi ofuscada, no entanto, pelo anúncio da Irlanda de realizar um referendo sobre o pacto que obriga os signatários a incorporar na sua legislação uma "regra de ouro" de equilíbrio orçamentário que pune os infratores.