O universitário de Diamantina terá de esperar um pouco mais para encontrar os pais na capital; o empresariado de Patos de Minas, no Alto Paranaíba, terá de enfrentar mais de cinco horas de carro para se deslocar até BH, problema semelhante ao do turista que deseja ir para São João del-Rei. Diante da indecisão da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) quanto à suspensão dos voos comerciais dos aeroportos das três cidades, passageiros ficaram na mão e com poucas opções de deslocamento. Quem estava acostumado a chegar ao destino em menos de uma hora vai ter de se contentar com as estradas por algum tempo. A falta de brigadas de incêndio treinadas, entre outras exigências, está no centro da polêmica que culminou na suspensão.
Rumando para Diamantina, muitas vezes os aviões se encontravam abarrotados nos últimos anos, com a presença de universitários e dois tipos de viajantes: os interessados em descobrir as belezas da cidade histórica e aqueles que iam em busca de tratamento médico. A demanda era tão grande que a prefeitura tentava uma ligação diária com a capital. “Afeta demais. É um voo muito importante para a cidade. A universidade tem mais de 10 mil alunos e atende até pessoas de cidades maiores”, afirma o diretor da Associação Comercial de Diamantina, Leonardo Pinheiro. Apesar do prejuízo, ele concorda com os riscos de não se ter uma brigada de incêndio e critica a lentidão da administração do aeroporto em tomar as providências necessárias para compor a equipe. “A brigada nunca funcionou. A administração teve três anos para resolver e não fez nada”, diz ele.
A decisão sobre a reativação dos voos nos três aeroportos do interior de Minas deve ser tomada na próxima reunião da diretoria da Anac, marcada para terça-feira. Até lá, eles permanecem com funcionamento restrito, o que significa que apenas os voos em operação estão autorizados e novas demandas devem ser analisadas depois de definido se o plano de trabalhos proposto pela Secretaria Estadual de Transportes e Obras Públicas (Setop) será aceito e, com isso, as administradoras dos aeroportos terão mais prazo para criação das brigadas de incêndio.
Espera
Acontece que não há mais voos autorizados. Em janeiro, a agência reguladora encaminhou ofício à Trip Linhas Aéreas, única a operar nos três municípios, comunicando a obrigatoriedade do pedido de cancelamento de seus voos, o que foi feito de prontidão. Com isso, a Anac não precisou suspender pousos e decolagens, sendo necessário apenas sinalizar o “funcionamento restrito” das unidades, segundo nota enviada pela agência. A restrição significa que novas autorizações só serão emitidas depois da definição da diretoria. Como a companhia foi orientada a pedir cancelamento das antigas, não há mais rotas para os três destinos.
Com isso, essas cidades devem ficar sem aeroporto por pelo menos um mês. Se a Anac se definir por aceitar o plano de trabalho do governo de Minas, a companhia aérea precisará de aproximadamente 15 dias para obter nova autorização e, depois disso, serão necessários mais 15 dias para a retomada das operações – período usado para planejamento e venda de passagens. “Temos todo interesse em solucionar o problema. A gente quer voar. São mercados importantes e contribuem não só com a venda de passagens, mas com a integração da rede de conexão da companhia”, afirma o diretor de Marketing da Trip, Evaristo Mascarenhas de Paula, ressaltando que somando São João del-Rei, Patos de Minas e Diamantina, a empresa atua em 12 cidades mineiras e tem escolha estratégica no estado.