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Estado de Minas

Dólar pode subir com nova restrição e tensão externa


postado em 02/03/2012 10:57

Pelo segundo dia consecutivo, o mercado doméstico de câmbio amanhece sob efeito de medidas cambiais que visam controlar fluxos especulativos e, consequentemente, evitar a valorização excessiva do real. Desta vez, a equipe econômica limitou o prazo dos Pagamentos Antecipados (PA), uma das modalidade de financiamento à exportação, a 360 dias. Em contratos com prazos maiores ou naqueles em que o crédito não seja concedido pelo importador da mercadoria, a operação será considerada um empréstimo externo comum. Assim, estará sujeita ao Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) de 6%, em prazos até três anos.

A percepção inicial dos profissionais do mercado doméstico de câmbio é de que a medida terá um impacto de alta do dólar na abertura, que tende a ser abrandado no decorrer do dia. Hoje, o dólar balcão abriu em alta de 0,70%, a R$ 1,724. O mesmo ocorreu ontem em reação à ampliação da abrangência do IOF sobre operações de dois anos para três anos. Isso porque o consenso é de que a pressão de queda do dólar, no momento, deve-se ao fato de que os investidores estrangeiros, em meio à farta liquidez global, mantêm o Brasil como um dos endereços preferidos para seus recursos já que o País tem juros altos e expectativas de crescimento acima da média mundial.

Porém, os analistas destacam uma diferença entre ontem e hoje que é o comportamento do mercado internacional. Enquanto ontem o clima era positivo e conspirava contra a medida do governo, hoje as bolsas mostram perdas generalizadas pelo fato de os ministros de Finanças da zona do euro, Eurogrupo, terem decidido ontem que a Grécia precisa concluir a troca dos bônus dos credores privados antes de receber uma nova ajuda. Também pesam indicadores ruins na Alemanha e na Espanha.

Lá fora, destaque para a premiê alemã, Angela Merkel, que disse que conversará com a presidente Dilma Rousseff sobre os receios em relação à liquidez gerada pelo Banco Central Europeu. Até o momento não há mais detalhes, mas a afirmação de Merkel certamente está associada não só às medidas que o governo brasileiro tomou ontem, mas também às afirmações de Dilma e do ministro da Fazenda, Guido Mantega.

A presidente se disse preocupada com o "tsunami monetário" das nações desenvolvidas que, segundo ela, é muito perverso para os demais "principalmente aqueles em crescimento, que são os países emergentes". Ela acrescentou ainda que o Brasil estará "defendendo a indústria, impedindo que os métodos de saída da crise dos países desenvolvidos impliquem na canibalização dos mercados dos países emergentes". Já o ministro Mantega voltou a falar em guerra cambial e disse que o País não assistirá passivo a esse movimento.


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