O mau humor externo contaminou os negócios e a Bovespa encerrou o pregão desta terça-feira em queda pelo segundo dia seguido, de 2,76%. Foi a maior retração porcentual em cinco meses, aos 65.114,15 pontos. A última vez que a bolsa registrou uma queda similar foi em 3 de outubro (-2,93%). Já o dólar teve um pregão de forte valorização no mundo, que também refletiu no país. A moeda contou com alta de 1,38%, a R$ 1,760 - maior valor desde 19 de janeiro (quando finalizou em R$ 1,7670). A fonte de preocupação que resultou na queda da bolsa e na alta do dólar foi a Grécia e seu programa de troca de dívida, que estaria mostrando baixa aceitação dos credores. A confirmação da retração de 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB) da Zona do Euro no quarto trimestre e a divulgação do PIB brasileiro, de 2,7% em 2011, apesar de estar dentro do esperado pelo mercado, também podem ter influenciado na queda.
No pregão desta terça, a Vale e Petrobras caíram forte e arrastaram a bolsa de volta aos 65 mil pontos. Em apenas um pregão o Ibovespa perdeu 1.849,88 pontos. A proximidade do término do prazo da reestruturação da dívida grega fez aumentar o temor de que a operação possa não ser concluída. Juntou-se a isso as preocupações com o ritmo de crescimento da economia global, principalmente depois da China reduzir sua meta de expansão para 2012 para 7,5% ao ano.
O operador de uma importante corretora lembra que há espaço para realizar lucros e, diante das incertezas externas, os investidores preferem embolsar parte dos ganhos. "E quem já tinha realizado lucro anteriormente está aproveitando para recompor a carteira", disse.
Os papeis da Vale caíram quase 5% e os da Petrobras quase 4%, acompanhando a performance das commodities no mercado internacional. A ação ON da mineradora recuou 4,84% e a PNA, -4,45%. MMX voltou a liderar as quedas do Ibovespa e registrou declínio de 5,86%. O cobre na Comex registrou perda de 3,16%, a 3,7375 libra-peso. Também contribuiu para a queda da Vale a derrota na disputa com a Receita Federal envolvendo a cobrança de tributos sobre lucro de controladas no exterior, anunciada pela mineradora na noite de terça-feira. A decisão ocorreu na esfera administrativa e agora deve caminhar para a Justiça, o que exigirá que a mineradora apresente R$ 1,6 bilhão em garantia.
Na mínima, o Ibovespa atingiu 64.892 pontos (-3,09%) e, na máxima 66.962 pontos (estável). No mês, a Bolsa anulou o ganho inicial e registra queda de 1,06%. No ano, a performance ainda é positiva. O giro financeiro ficou em R$ 7,230 bilhões – o maior do mês segundo dados preliminares.
Os mercados acionários da Europa e dos EUA também sucumbiram à onda negativa e fecharam no vermelho. Na Europa, a maioria das bolsas fechou nas mínimas. Já nos EUA, a queda ficou próxima de 2%.
No mês, câmbio sobe 2,56%
A alta do dólar ontem assegurou uma valorização de 2,56% para a moeda em março e reduziu a perda acumulada no ano para 5,83%. Na BM&F, o dólar spot encerrou com avanço de 1,43%, a R$ 1,7601. O giro financeiro total à vista registrado às 16h58 na clearing de câmbio somava US$ 1,328 bilhão (US$ 1,111 bilhão em D+2). No mercado futuro, nesse horário, o dólar abril 2012 avançava 1,34%, a R$ 1,7745, com giro de US$ 18,932 bilhões, de um total de US$ 19,047 bilhões movimentados com quatro vencimentos. O dólar para maio de 2012 estava na máxima do dia, em R$ 1,7830, alta de 1,25%.