O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse hoje que o "tsunami monetário" pode atingir o Brasil, mas que o País está preparado para evitar essa forte entrada de dólares. Segundo ele, 2012 não será um ano fácil, porque a crise internacional continua e o desafio maior é a recuperação da indústria brasileira.
Por isso, o governo vai tomar várias medidas na área cambial e de defesa comercial para garantir que esse setor possa usufruir do crescimento do mercado interno. Ao falar do câmbio, afirmou que o governo não vai permitir que haja especulação com o real no mercado futuro e à vista.
"Temos vários trilhões de dólares que serão injetados na economia mundial e que não têm muito para onde ir. Isso vai causar desvalorização das moedas desses países, acirrando a guerra cambial. Estamos preparados para isso, não vamos deixar o real se desvalorizar", afirmou o ministro, durante o balanço do primeiro ano do Programa de Aceleração do Crescimento 2 (PAC 2).
Ele acrescentou que o câmbio tem reagido às medidas que o governo toma e pode tomar. "O mercado está mais precavido na hora de se expor porque sabe que perde dinheiro se investir na hora errada", avaliou. "Temos muita munição, o mercado sabe disso e respeita o propósito do governo em não permitir que o dólar se valorize", completou.
Exportações
O ministro elogiou ainda o desempenho comercial do Brasil em 2011, quando as exportações cresceram apesar do encolhimento dos mercados internacionais e do que chamou de "luta renhida" entre os países para ocuparem esses espaços. "Mesmo assim conseguimos aumentar embarques. É verdade que mais em commodities porque é difícil ganhar mercado com bens industriais no momento", acrescentou.
"Conseguimos ficar com o dólar acima de R$ 1,70. É um patamar que melhora a competitividade das exportações brasileiras, mas não é ideal. Apesar de não existir patamar ideal, quando maior for a cotação melhor para a indústria", avaliou, lembrando que ontem o dólar fechou em R$ 1,76.
Ele pediu mais investimentos das empresas estatais, especialmente da Petrobras, e mais crédito e juros menores dos bancos públicos. Mantega disse à presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, que não faltarão recursos para a empresa, que deve investir mais de R$ 80 bilhões neste ano, e que o governo vai pressionar a diretoria a usá-los.