Uma troca de provas em quatro salas de um dos locais de aplicação do concorrido concurso do Senado, a Faculdade de Ciências Sociais e Tecnológicas (Facitec), em Taguatinga, obrigou a Fundação Getulio Vargas (FGV), organizadora da seleção, a anular as avaliações de, pelo menos, três cargos em todo o país: de analista legislativo para duas especializações – análise de sistemas e análise de suporte de sistemas – e para enfermagem. No total, 10.056 candidatos vão ter que fazer novas provas. Em nota, a FGV alegou que foi detectada insuficiência de caderno de provas em algumas salas no início da aplicação no período da tarde.
Inicialmente, a instituição tinha informado que os novos exames seriam no dia 29 de abril, mas voltou atrás logo depois, por já haver concurso nesse dia. Em nova nota, a FGV afirmou que a data ainda será definida e informada aos candidatos atingidos por meio de comunicado a ser enviado pelos correios.
Mais de 20 inscritos registraram boletim de ocorrência na 21ª Delegacia de Polícia, em Águas Claras, por terem sido convocados a deixar a sala porque não havia prova suficiente dos cargos para os quais concorriam.
O servidor público Ricardo Roriz, de 27 anos, foi um deles. Na sala 503, onde estava, ele e outros candidatos receberam um caderno referente à especialização analista de sistema. "Avisamos imediatamente ao fiscal da sala, que continuou distribuindo as provas. Ao perceber o erro, o funcionário avisou a coordenação", disse. Segundo ele, os candidatos foram orientados a permanecer na sala, pois seria providenciado um lote de provas, de outro local, a Universidade Católica. Uma hora e meia depois, os candidatos foram avisados que a prova não seria aplicada a eles e que deveriam deixar o local. "Saímos com a promessa de que a FGV entraria em contato para fazermos um novo exame", afirmou.
O mesmo ocorreu com Miguel Salomão, de 31 anos, e Marcos Soares França, de 30, que estavam inscritos para as salas 502 e 504, respectivamente. Eles também estavam inscritos para a função "análise de suporte de sistemas". "Logo que percebi o erro, avisei o fiscal da sala e percebi que começou um a gritaria em salas próximas à minha", comentou.
De acordo com o agente da 21ª DP Sidney Silva, o caso está em apuração. "Devemos intimar as partes e verificar o que houve. Se ficar caracterizado crime, a polícia civil vai agir", afirmou. Segundo ele, os concurseiros relataram que quatro salas receberam provas para um cargo diferente do almejado, reclamaram e ficaram esperando a troca do material.
CONCORRÊNCIA Questionada sobre o número de abstenções nas provas de ontem, a FGV informou que não divulgaria os dados, pois são "uma prerrogativa do Senado". O órgão não se pronunciou a respeito. Foram inscritos 157,9 mil candidatos, uma média de 642 para cada uma das 246 vagas ofertadas para os cobiçados cargos de nível técnico, que exige ensino médio, e de analista legislativo.