Rosália Rangel
O governo decidiu recorrer ao Banco do Brasil e à Caixa Econômica Federal para tentar reduzir o custo dos empréstimos ao setor produtivo, repetindo a estratégia vitoriosa de 2008, quando as instituições públicas supriram o mercado de crédito, ajudando o país a sair mais rápido da crise mundial. A ordem do Palácio do Planalto, repassada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, aos presidentes dos dois bancos, Aldemir Bendine (BB) e Jorge Hereda (Caixa), é forçar a concorrência privada a baixar o chamado spread, diferença entre o que se paga aos investidores e o que se cobra dos devedores. Essa redução se tornou uma obsessão da presidente Dilma Rousseff. Para ela, BB e Caixa “têm de roubar clientes” dos demais bancos, com juros e tarifas mais baixos.
Com o spread bancário menores, o governo acredita que as empresas poderão tomar financiamentos mais baratos para ampliar a produção, ofertando mercadorias que concorram, de igual para igual, com os importados que inundam o país por causa da fragilidade do dólar ante o real. Por tabela, o Planalto espera que o fortalecimento da indústria, que vem encolhendo mês a mês, impulsione a atividade a ponto de o Produto Interno Bruto (PIB) fechar o ano com crescimento de 4%. “Neste momento, estamos mirando a indústria. Mas, com certeza, o spread também cairá para os consumidores. Não temos dúvida disso”, disse um técnico do Planalto.