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Estado de Minas

Mudanças estruturais determinaram recuo no juro


postado em 15/03/2012 09:44

O Banco Central (BC) reafirma na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que mudanças estruturais significativas na economia brasileira determinaram recuo nas taxas de juros em geral. "E, em particular, na taxa neutra", afirma a ata, divulgada hoje pelo BC.

Segundo o BC, sustentam essa visão, entre outros fatores, a redução dos prêmios de risco - consequência direta do cumprimento da meta de inflação pelo oitavo ano consecutivo - , da estabilidade macroeconômica e de avanços institucionais.

Para os integrantes do BC, o processo de redução dos juros foi favorecido por mudanças na estrutura dos mercados financeiros e de capitais, pelo aprofundamento do mercado de crédito bem como pela geração de superávits primários consistentes com a manutenção de tendência decrescente da relação entre dívida pública e Produto Interno Bruto (PIB).

Para o Copom, todas essas transformações caracterizam-se por um elevado grau de "perenidade" e contribuem para que a economia brasileira hoje apresente sólidos indicadores de solvência e de liquidez. O documento pondera, no entanto, que em virtude dos próprios ciclos econômicos, reversões pontuais e temporárias podem ocorrer.

Combustíveis

Apesar de algumas sinalizações da Petrobras e de integrantes do governo de que poderá haver aumento da gasolina, o Copom não considerou essa possibilidade ao decidir pela queda de 0,75 ponto porcentual da taxa de juros na reunião da semana passada. A ata do Copom, divulgada hoje, mantém as projeções de reajuste zero para os preços da gasolina e do gás de bujão em 2012.

As projeções de reajuste das tarifas de telefonia fixa foram mantidas em 1,5%. Para os preços de eletricidade, o BC manteve também a estimativa de reajuste de 2,3% no acumulado do ano.

Segundo a ata, a projeção de reajuste para o conjunto de preços administrados por contrato e monitorados para o acumulado de 2012 foi mantida em 4,0%, valor considerado na reunião do Copom de janeiro. Já para 2013 a projeção de preços administrados caiu de 4,6% para 4,5%. De acordo com o BC, essa projeção considera, entre outras variáveis, componentes sazonais, variações cambiais inflação de preços livres e inflação medida pelo Índice Geral de Preços (IGP).


Demanda doméstica

Apesar dos sinais de retomada mais lenta do crescimento econômico, o BC manteve a avaliação de que a demanda doméstica da economia brasileira ainda se apresenta "robusta". Especialmente, segundo o BC, o consumo das famílias. De acordo com a ata, esse cenário ocorre em grande parte devido aos efeitos de fatores de estímulo, como o crescimento da renda e a expansão do crédito.

Para o BC, esse ambiente tende a prevalecer neste e nos próximos trimestres. Neste período, a demanda doméstica será impactada pelos efeitos das ações de política monetária recentemente implementadas, que são "defasados e cumulativos".

A ata reafirma também que iniciativas recentes reforçam um cenário de contenção das despesas do setor público. Outro fator importante de contenção da demanda agregada, apontado pelo BC, é a "substancial e persistente" deterioração do cenário internacional.

"Esses elementos e os desenvolvimentos no âmbito parafiscal são parte importante do contexto no qual decisões futuras de política monetária serão tomadas, com vistas a assegurar a convergência tempestiva da inflação para a trajetória de metas", diz a ata.

Caminho certo

Para indicar que está no caminho certo de redução dos juros, o BC faz questão de ressaltar que o cenário central traçado pelo Copom para a inflação evoluiu como esperado. Essa é uma das novidades da ata da última reunião do Copom.

No documento, o BC destaca que o Copom não detecta mudanças substantivas nas estimativas "para o ajuste total das condições monetárias subjacente a esse cenário". Sem dar muitas explicações, a ata afirma que "à vista disso" dois membros do Comitê avaliaram que seria oportuna a manutenção do ritmo de ajuste da taxa Selic, de queda em 0,50 ponto porcentual da Selic. Mas a maioria argumentou que, "para redistribuição temporal do ajuste total das condições monetárias", neste momento a estratégia mais apropriada era reduzir a Selic em 0,75 ponto porcentual.


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