Os industriais estão otimistas quanto ao desempenho das próprias empresas nos próximos seis meses, mas são pessimistas quanto às condições atuais da economia brasileira. É o que apontou o Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei), da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgado hoje em Brasília.
O índice é composto por quatro avaliações feitas pelos empresários: percepções sobre a situação da economia nacional e da empresa e as expectativas para toda a economia e para a própria companhia. O Icei deste mês atingiu 58,6 pontos, um aumento de 0,4 ponto sobre o índice de fevereiro, mas 1,6 ponto abaixo do de março de 2011. O índice varia em uma escala de 0 a 100 pontos e aponta otimismo quando se situa acima de 50 pontos.
O ligeiro otimismo não é regra entre as 2.304 empresas ouvidas pela CNI. Doze dos 28 setores pesquisados contabilizam índice positivo. Os empresários do Nordeste são os mais otimistas, superando em mais de 6 pontos a avaliação da Região Sudeste, justamente a mais industrializada.
Apesar do otimismo relativo - foi o terceiro mês seguido que a avaliação cresceu em relação ao mês anterior -, “a gente ainda não acredita na quebra total de uma tendência de queda de expectativa vem acontecendo há dois anos”, disse Marcelo de Ávila, economista da CNI ao apontar que, em janeiro de 2010 o índice chegou ao recorde de 68,5 pontos e, de lá até dezembro do ano passado, só registrou queda.
Segundo ele, a redução da taxa básica de juros (Selic) melhora as expectativas dos empresários. No entanto, os industriais mantêm-se reticentes por causa do câmbio, que barateia produtos e componentes importados e retira competitividade das empresas nacionais fornecedoras.
O otimismo, segundo Ávila, foi alimentado pelo crescimento do faturamento das empresas. O problema é que esse crescimento não foi acompanhado pelo aumento da produção. Para o economista, é porque as empresas estão importando mais ou reduzindo estoques acumulados.
“Não há um padrão de crescimento disseminado nos indicadores de produtividade industrial. O fator 'macropreocupante' é que a produção não está acompanhando o faturamento".
O economista citou ainda a alta carga tributária como um fator que ajuda a travar o crescimento do setor, que pede, entre outras medidas, rapidez do governo para desonerar as folhas de pagamento. Para Ávila, os tributos inviabilizam investimentos industriais em inovação, por exemplo, como deseja o governo.
O risco desse cenário é a industria nacional perder a oportunidade de crescer em tempos de economia aquecida. “Nos temos uma demanda interna em crescimento, mas não estamos sabendo aproveitar”. A projeção da CNI é que o Produto Interno Bruto cresça 3% e a indústria, apenas 2,3% em 2012.