O Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, e o Aeroporto Carlos Drumond de Andrade, na Pampulha, vão precisar de parceiros privados para buscar o equilíbrio entre a oferta e o número de passageiros. A conclusão veio de debate nessa terça-feira na Câmara Municipal em audiência pública sobre os empreendimentos, na qual estiveram reunidos representantes do governo, da Câmara, da associação de moradores, de institutos de economia e da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero).
O vereador Fábio Caldeira (PSB) apresentou requerimento para que seja criada uma comissão especial para acompanhar os estudos feitos nos aeroportos da Pampulha e de Confins. "O aeroporto da Pampulha foi deixado de lado. Somos a favor da concessão para que sejam realizados investimentos. As obras estão demorando demais para acontecer e é preciso um investidor para modernização e ampliação", diz Caldeira. A intenção é aumentar os voos da Pampulha de 12 para 25 cidades do interior. O aeroporto opera atualmente com apenas duas companhias aéreas: a Trip e a Passaredo. A sala de embarque do aeroporto está ociosa: tem capacidade para atender 360 passsageiros por hora e está hoje com 90 passageiros/hora.
NO PAPEL
A Pampulha já conta com plano de modernização do aeroporto, que vai consumir cerca de R$ 19,5 milhões em investimentos. O superintendente do aeroporto da Pampulha, Silvério Gonçalves, entregou à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) estudo de viabilidade técnica e segurança para aeronave de até 68 passageiros (ATR-72). Já existe um plano diretor do aeroporto da Pampulha, que deve começar a ser executado no segundo semestre.
A volta de voos de maior porte para o aeroporto da Pampulha é criticada pela presidente da Associação Pro-Civitas dos Bairros São Luiz e São José, Juliana Renault Vaz. "O acesso do trânsito na trincheira da avenida Santa Rosa já está complicado. E o estacionamento do aeroporto é muito pequeno, com as ruas laterais cheias. O aeroporto também não tem como se adequar às normas de pouso com segurança com aeronaves maiores. Há um adensamento populacional no entorno do aeroporto", afirma Juliana. A preocupação, explica, é voltada para que os voos nacionais não voltem a ter o aeroporto da Pampulha como destino de partida ou de chegada.
As recomendações solicitadas pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) para o aeroporto já foram concluídas, segundo Gonçalves. A pista da cabeceira, que media 2.540 metros, perdeu 86 metros. O superintendente do aeroporto afirma que planeja que as obras de modernização sejam concluídas até a Copa de 2014.
Vai voar? Não esqueça o dinheiro do lanche
Brasília – Os preços das passagens aéreas e rodoviárias se aproximaram, mas as empresas que antes primavam por serviços de qualidade, sobretudo o de bordo, decidiram compensar o valor mais baixo com a cobrança de lanche, bebida alcoólica, água mineral e até o popular cafezinho. O consumidor tem de ficar atento. A Gol, por exemplo, já cobra por aquilo que antes era gratuito. A empresa acompanha, assim, o formato adotado pela Webjet, que ela adquiriu em novembro de 2011 por R$ 70 milhões. Nos Estados Unidos, o modelo foi adotado nos anos 1990, em voos regionais. Empresas como a uruguaia Pluna, com operações no Brasil, seguem a fórmula visando criar novas fontes de receita e, em muitos casos, compensar os descontos dados nos bilhetes.
A Agência Nacional de Aviação (Anac) informou que a venda de produtos a bordo, inclusive água, é uma decisão empresarial, pois não existe norma estabelecida, o que impede a fiscalização ou algum tipo de punição. "Em relação ao fornecimento de água mineral, é preciso avaliar cada caso, pois não é razoável cobrar quando o passageiro precisa tomar um medicamento ou não está se sentindo bem", disse a Anac por meio da sua assessoria de imprensa. A Gol afirma que oferece o serviço básico a todos os passageiros e cobra apenas daqueles, que ao folhear o menu entregue a bordo, querem reforçar o lanche.
A cobrança é fonte de irritação entre os passageiros, especialmente aqueles prejudicados pelos deslocamentos de portões na hora do embarque e os constantes atrasos. O relações públicas Dionisio Rodrigues Silva Filho, por exemplo, estranhou a cobrança do lanche em voo, na semana passada, de Brasília a São Paulo pelo Gol. "É absurdo o preço quando comparado com qualquer lanche em terra."
As reclamações que começam a chegar a órgãos de defesa do consumidor, já levaram o deputado Felipe Bornier (PHS/RJ) a apresentar projeto de lei para vetar a cobrança de água mineral nos aviões. No momento, o projeto está em análise nas comissões de Defesa do Consumidor, Viação e Transportes e também de Constituição e Justiça e de Cidadania.
Já que a lei não veta o comércio de alimentos e bebidas por aeronaves no território brasileiro, uma garrafa de água mineral custa R$ 5 nos voos da Gol, preço elevado e idêntico ao cobrado hoje nos aeroportos. Empresa que se autodenomina de baixo custo e baixa tarifa (low cost, low fare), a Webjet oferta combos (lanche mais bebida não alcóolica) a partir de R$ 12. A assessoria da empresa afirmou que essa é uma maneira de oferecer mais serviços aos passageiros.
A TAM não cobra pelos serviços, mas oferece refeições quentes apenas nos voos internacionais. Os passageiros domésticos são brindados com promoções resultado de parcerias com fabricantes. Este mês, ocorre o festival do iogurte assim como o do sorvete que o antecedeu e o de sopas que tem lugar no inverno. A uruguaia Pluna tem cardápio com sanduíches e petiscos, cobrado em dólares. Um café custa US$ 3, o mesmo preço da garrafa de água e de refrigerante. Os vinhos e o uísque são vendidos a US$ 8.