Os números mais recentes relacionados à atividade industrial no fim de 2011 e no início deste ano puxaram para baixo as expectativas das instituições financeiras em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) do País neste ano. A avaliação é do economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Rubens Sardenberg, que concedeu entrevista coletiva nesta quarta-feira para divulgar a Pesquisa Febraban de Projeções Macroeconômicas e Expectativas de Mercado.
Na divulgação de hoje, as 31 instituições financeiras consultadas entre os dias 15 e 20 de março reduziram sua expectativa para o crescimento do PIB do País em 2012 para 3,3%, ante 3,4% na pesquisa anterior, de janeiro. Os analistas também reduziram sua estimativa para o PIB Industrial em 2012 de 3,1% na pesquisa de janeiro para 2,6% em março.
"Chama atenção a redução maior do PIB industrial. Isso tem a ver com os números recentes do ano passado e do início deste ano e com o aumento das importações. A indústria foi a maior responsável pela redução nas expectativas do PIB", afirmou.
Setor externo
O economista-chefe da Febraban disse que o desempenho da indústria também afetou as expectativas dos bancos em relação ao setor externo. Na pesquisa os bancos reduziram para US$ 19,2 bilhões a expectativa para o saldo da balança comercial deste ano, ante US$ 20,4 bilhões na pesquisa de janeiro. Já o déficit em transações correntes subiu de US$ 65,8 bilhões em janeiro para US$ 68 bilhões em março.
"Com o mundo crescendo menos, o Brasil exporta menos, principalmente produtos industrializados, e o saldo da balança comercial fica menor. Além disso, nesse cenário, o Brasil cresce um pouco mais e importa mais", explicou. "Houve um ajuste moderado na expectativa para a balança comercial, mas há uma tendência nessa direção."
Segundo ele, o que se observa nas expectativas dos bancos de forma geral é uma estabilização e uma recuperação moderada do nível de atividade. "Havia uma expectativa de que esses números pudessem melhorar", afirmou, ressaltando a melhora no quadro internacional, com o afastamento do risco de ruptura financeira na Europa e indicadores melhores nos Estados Unidos.
Sardenberg destacou, porém, que os números do setor externo ainda estão em patamar confortável. A projeção dos bancos para as reservas internacionais em 2012 estão em US$ 377,2 bilhões e, para o Investimento Estrangeiro Direto (IED), em US$ 55 bilhões. "O déficit nas contas externas ainda é quase integralmente financiado pelo IED. Além disso, o Brasil tem tido dificuldade para absorver o contínuo fluxo externo, tendo de adotar medidas para conter o câmbio."
Na avaliação de Sardenberg, somente mudanças expressivas no cenário internacional poderiam gerar uma melhora nas expectativas em relação à economia brasileira, principalmente se viesse da Ásia e da China. "Uma melhora no cenário externo poderia reduzir as incertezas e induzir os agentes domésticos a uma atividade mais agressiva sob o ponto de vista da atividade econômica", afirmou.