Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado hoje, constata que a economia norte-americana tem conseguido superar as consequências da crise econômica “que ela mesma gerou”. O estudo versa sobre a situação do mercado de trabalho nos Estados Unidos e na Europa neste momento de instabilidade econômica financeira mundial.
“A economia norte-americana, mais dinâmica e inovadora, tem melhor conseguido superar as consequências da crise que ela mesma gerou”, diferentemente do quadro europeu. Essa é uma das conclusões da pesquisa. Segundo o técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea, André Gambier, o pior cenário ocorre na Europa.
“Apesar da gravidade da crise, o momento de instabilidade parece estar restrito à região europeia que tem quadro de manutenção de crise”, observou. Nos Estados Unidos, mesmo sem retomar os níveis pré-crise, é possível notar a recuperação da economia. “O crescimento da economia americana ainda é muito frágil. Mas é possível notar o aumento que está se iniciado com alguma velocidade. No entanto, ainda há muito que caminhar”, acrescentou.
Na opinião do especialista, o pior momento do mercado de trabalho da economia norte-americana pôde ser observado no primeiro trimestre de 2009, quando sete pessoas procuravam emprego para cada vaga criada. No último trimestre de 2011, esse número caiu para 4,2. Mesmo com a melhora, os “efeitos da crise não foram totalmente revertidos”.
“Esse foi o pico da recessão. Nos EUA, os dados para o mercado de trabalho confirmam a ligeira recuperação do setor produtivo, mas com níveis baixos de salários e a manutenção de uma grande massa de desempregados”, avaliou Gambier.
Em relação ao continente europeu, o estudo aponta que os “já debilitados países do Sul europeu estão sofrendo e irão continuar a sofrer fortes contrações em sua base produtiva e agravamento da situação sociopolítica – empobrecimento, aumento das desigualdades e intensificação das tensões sociais, crises de legitimidade política”. No entanto, a disposição do G20, grupo das maiores economias mundiais, em ampliar os recursos do Fundo Monetário Internacional (FMI) “para destiná-los aos países mais frágeis da Europa, faz parecer que o último momento agudo da crise pode estar em processo de superação”.
Para que o momento de instabilidade econômica não tenha efeitos no Brasil, a pesquisa ressalta que o país “não pode baixar a guarda”. Assim, destaca a necessidade da disposição de estratégia nacional global de enfrentamento da crise e de aproveitamento de oportunidades eventualmente vislumbradas a fim de manter a competição interna e externa.