O ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do governo Lula, Luiz Fernando Furlan, atual membro do Conselho de Administração da Brasil Foods, disse nesta terça, em entrevista à Rádio Estadão ESPN, que a atual taxa de câmbio não estimula as exportações. Ele afirmou que as empresas se renovaram, mas o câmbio no valor em que está atualmente (ao redor de R$ 1,81) "não traz bons resultados para as exportações".
Por isso, segundo Furlan, alguns setores exportadores brasileiros têm perdido competitividade. Durante a entrevista, ele lembrou que na época em que foi ministro um dos setores líderes em exportação era o de transportes e que, hoje, as vendas desse segmento ao exterior têm sido de cerca de metade daquela época. Furlan lembrou que hoje é mais fácil produzir no exterior para depois vender para o Brasil e, como exemplo de empresa que está adotando essa prática, citou a Marcopolo.
Falta interesse do Governo
O ex-ministro também criticou a falta de interesse de alguns setores do próprio governo em adotar medidas de incentivo ao setor produtivo. Duranta a entrevista, ele citou a queda de braço nos bastidores entre o Desenvolvimento e a Fazenda.
De acordo com Furlan, enquanto o MDIC tem interesse em impulsionar a indústria nacional, a Fazenda busca manter a arrecadação do governo. Para o ex-ministro, numa analogia com o futebol, o Ministério da Fazenda funciona como uma espécie de "retranca", como um "goleiro" que impede o avanço da indústria brasileira. Neste contexto, segundo Furlan, o papel da Fazenda é garantir o superávit primário e manter a arrecadação - e não o avanço do setor industrial.