O governo de Minas Gerais prepara para julho o lançamento das licitações destinadas à construção de novos acessos viários ao Aeroporto Internacional Tancredo Neves, de Confins, na Grande Belo Horizonte, interligando o terminal às maiores cidades do entorno. As obras são essenciais para dar a mobilidade que a região necessita com a modernização e expansão do aeroporto e o suporte à consolidação do corredor multimodal de alta tecnologia da Região Metropolitana de Belo Horizonte. O polo terá ênfase na produção de componentes eletrônicos, biotecnologia, tecnologia da informação e capacitação de pessoal para toda a cadeia aeronáutica, espacial e de produtos de defesa.
O governador Antonio Anastasia informou, nessa terça-feira, que a primeira etapa do complexo viário vai consumir investimentos da ordem de R$ 500 milhões em infraestrutura no chamado Vetor Norte da Grande BH. “Estão incluídas todas as estradas que cercam o aeroporto internacional e que darão mobilidade para o desenvolvimento do Vetor Norte”, disse, durante encontro na Associação Comercial e Empresarial de Minas (AC Minas). Os recursos serão financiados por agências de crédito e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
As obras integram um pacote de investimentos de R$ 3,4 bilhões, valor que foi possível depois de o estado negociar junto à União o aval para elevar a sua capacidade de endividamento. A cifra contempla o programa Caminhos de Minas, lançado em 2010, que prevê a construção de estradas ligando regiões de Minas, de competência estadual. Ao todo, serão 7 mil quilômetros de novos acessos, dos quais cerca de 2 mil quilômetros previstos nesta primeira etapa, que engloba o complexo viário do Vetor Norte.
Os projetos executivos dos novos acessos para o entorno do aeroporto de Confins já estão prontos, de acordo com o subsecretário de Investimentos Estratégicos, Luiz Antônio Athayde Vasconcelos. Todo o planejamento consta do chamado master plan do Vetor Norte, desenhado há cerca de quatro anos e que projetou quatro entradas no aeroporto. A estratégia é permitir a circulação de pessoas, veículos e carga num cenário de expansão ordenada em direção a BH, ao Centro de Capacitação Aeroespacial, projetado para Lagoa Santa, a Jaboticatubas, Santa Luzia e Sete Lagoas.
"Toda essa nova malha viária compõe a primeira fase da infraestrutura rodoviária do plano estrutural do Vetor Norte e coloca o aeroporto de Confins em condição estratégica para se consolidar como novo hub (jargão do mercado de aviação que significa centro de distribuição de vôos) do Sudeste", afirma Luiz Antônio Athayde. A integração viária, que tem o terminal como ponto central, exercerá influência sobre toda a Grande BH, visando à implantação do primeiro corredor multimodal de alta tecnologia da região, quer dizer, contemplando transportes aéreo, rodoviário e férreo.
Ainda dentro do planejamento traçado pelo governo, Santa Luzia vai sediar a primeira plataforma multimodal que consiste num conjunto de pátios para caminhões, áreas comerciais e pequenas indústrias de tecnologia. Deverá integrar a estrutura o transbordo para a ferrovia a 6 quilômetros do aeroporto de Confins.
Vetor Sul Como parte da estratégia de criação do polo de tecnologia, o governo concluiu as negociações com o Banco Mundial para financiar estudos sobre a integração ao polo do Vetor Sul da região, que engloba municípios como Ribeirão das Neves, Contagem, Betim e Ibirité. Athayde informou que a pasta já está trabalhando nos procedimentos para contratação dos levantamentos. São três novos master plan econômicos orçados em US$ 2,8 milhões (cerca de R$ 5 milhões).
Transportes vão receber R$ 13 bi
O setor de transportes está entre os que reservam o maior volume de investimentos em obras de infra-estrutura para o estado até 2016. Levantamento da Associação Brasileira de Tecnologia para Equipamentos e Manutenção (Sobratema) revela que os aportes previstos para Minas entre 2011 e 2016 em obras rodoviárias somam R$ 13 bilhões, ou 20% dos recursos totais que chegam a R$ 65 bilhões. Só nos próximos quatro anos serão R$ 62,2 bilhões distribuídos em 886 obras, com valor médio de R$ 70 milhões por empreitada.
O maior destaque fica por conta da área industrial que, sozinha, responde por R$ 26 bilhões, impulsionada principalmente por projetos do setor de mineração. Entre eles, a esperada implantação de uma usina siderúrgica em Congonhas, na Região do Campo das Vertentes, pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) - que totaliza R$ 9,5 bilhões - além da fábrica de amônia da Petrobras no Triângulo Mineiro - mais R$ 1,3 bilhão. Em relação aos aportes esperados para o país, de R$ 1,48 trilhão, o estado fica com apenas 4,4%, na sétima colocação entre as regiões com maior volume de investimentos.
Apesar da participação aparentemente irrisória, o coordenador da pesquisa da Sobratema Brian Nicholson reconhece que Minas sai perdendo diante da comparação com as obras do setor de petróleo e gás que demandam, em média, R$ 2,28 bilhões em investimentos para construção de refinarias e plataformas de exploração. "Os dados ficam muito distorcidos por causa do pré-sal que possui valor médio de aporte muito elevado", pondera Nicholson. Não é por acaso que o setor concentrará R$ 679,4 bilhões em novos empreendimentos até 2016, contra R$ 343,4 bilhões do setor de transportes.
Frota em alta Quanto à frota de equipamentos para construção no país, levantamento inédito da Sobratema mostra que 5% das 500 unidades em funcionamento estão em Minas Gerais. "Mas quando se olha apenas para a oferta de máquinas e equipamentos voltadas para o setor de pavimentação, Minas responde por mais de 10% da participação nacional por concentrar a maior malha rodoviária", pondera Nicholson.
Motivado pelos investimentos estimados para o país, a expectativa é de um elevação de 5% no volume de vendas de equipamentos de construção para este ano, chegando a 88.565 unidades. A concorrência com os importados, que elevou o déficit do setor de máquinas e equipamentos para a casa de US$ 17,9 bilhões em 2011, deve se manter acirrada diante da manutenção do câmbio favorável para fabricantes internacionais.
A Sobratema estima que 29% dos produtos da linha amarela, como tratores, vieram de fora no ano passado, percentual que, para Nicholson, deve ter chegado em seu ponto mais alto.