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Estado de Minas

Brics não chegam a acordo sobre BM, mas dão primeiro passo para banco comum


postado em 29/03/2012 16:09 / atualizado em 29/03/2012 16:33

As cinco potências emergentes que formam o Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), reunidas na Índia, não conseguiram chegar a um acordo para respaldar, de maneira conjunta, a nenhum dos três candidatos que aspiram presidir o Banco Mundial (BM), mas deram o primeiro passo para a formação de um banco comum de investimento.

Na declaração final da IV Reunião do Brics, encerrada nesta quinta-feira em Nova Délhi, os presidentes das nações se limitaram a felicitar as candidaturas do "mundo em desenvolvimento", mas reiteraram que a seleção dos máximos responsáveis do Banco Mundial o do Fundo Monetário Internacional (FMI) deve ser realizada com base nos "méritos" dos aspirantes e não da nacionalidade.

Três candidatos estão na lista para suceder ao americano Robert Zoellick à frente do Banco Mundial a partir de junho: o médico e antropólogo americano de origem sul-coreana, Jim Yong Kim, presidente do Dartmouth College e apoiado por Washington; o colombiano José Antonio Ocampo, ex-ministro da Fazenda da Colômbia e professor na Universidade Columbia, e a ministra nigeriana de Finanças, Ngozi Okonjo-Iweala. Até agora, Europa e Estados Unidos têm dividido as presidências do FMI e do BM, respectivamente, segundo um acordo tácito entre as partes.

Os Brics querem que o próximo presidente do BM se "comprometa a transformar o Banco em uma instituição multilateral que reflita verdadeiramente a visão de todos seus membros, inclusive a estrutura de uma governança que reflita a realidade econômica e política atual".

O Fundo Monetário Internacional (FMI) e o BM devem "refletir o peso dos países emergentes na composição das cotas de respectivas direções", disse por sua vez presidente brasileira, Dilma Rousseff, que também defendeu uma reforma do Conselho de Segurança para que países como Brasil, Índia e África do Sul possam participar.

Dois sócios do grupo, os presidentes de China, Hu Jintao, e Rússia, Dimitri Medvedev, cujos países ocupam duas poltronas permanentes no órgão máximo executivo da ONU, se limitaram a "apoiar" essa aspiração de seus colegas por um maior papel na instituição.


Com a força de suas flutuantes economias, que este ano responderão pelo crescimento de 56% da economia mundial e representam um quarto do PIB do planeta, os Brics pedem um peso maior na nova ordem.

"No futuro, a agenda dos Brics exigirá uma transformação deste grupo em uma organização forte e poderosa", disse Medvedev à imprensa.

Segundo a presidente Dilma Rousseff, este variado clube de países com sistemas políticos, econômicos e problemas sociais tão diferentes, "constitui uma plataforma extraordinária para articular relações multilaterais".

Com o desejo de combater a hegemonia das instituições nascidas em Bretton Woods, as cinco potências constituíram um grupo de trabalho que analisará a "viabilidade" de se criar um Banco de Desenvolvimento Sul-Sul, e as conclusões desse estudo serão apresentadas no próximo encontro, que deve ser realizado na África do Sul no próximo ano.

O presidente sul-africano, Jacob Zuma, afirmou inclusive esperar que as bases para a criação desse banco sejam estabelecidas no encontro de 2013. Dilma disse que essa futura entidade deve trabalhar principalmente em temas como "infraestrutura, inovação, desenvolvimento, ciência e tecnologia e investigações em temas que interessam a nossos países".

O único dado concreto saído desta reunião quanto a este quesito, no entanto, foi a firmação de acordos pelos representantes dos Bancos de Desenvolvimento para ampliar a facilidade de concessão de créditos em moedas locais, com a finalidade de se reduzir a demanda de divisas conversíveis para as transações entre membros do Brics, e a concessão de letras de crédito para financiar suas exportações.

Quanto aos conflitos do Oriente Médio, em particular na Síria e Irã, os Brics defendem soluções negociadas. "Concordamos que uma solução duradoura para Síria e Irã só poderia ser alcançada mediante o diálogo", disse o anfitrião do evento e primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh.

Com relação ao Irã, o grupo recordou que "não se pode permitir uma escalada do conflito", pois as "consequências desastrosas" que se derivariam dela "não beneficiariam a ninguém". A presidente brasileira foi inclusive além e disse que as sanções ocidentais contra o Irã são "extremamente perigosas, sem contar o efeito das mesmas nas altas do petróleo".


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