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Estado de Minas

Minas é um dos estados mais afetados pelas importações de veículos do México

Novos parâmetros de comércio atingem em cheio a demanda mineira por modelos mexicanos, que subiu 170% em um ano


postado em 03/04/2012 06:00 / atualizado em 03/04/2012 07:43

Paraná e Minas Gerais foram os estados mais afetados pelo avanço, no ano passado, das importações brasileiras de veículos produzidos no México, que promoveu um desequilíbrio desvantajoso para o Brasil e levou à revisão com a imposição de cotas do acordo automotivo entre os dois parceiros. A receita das compras do Paraná cresceu 192% em relação a 2010 e a entrada da produção mexicana por Minas aumentou 170% na mesma base de comparação. A evolução foi um pouco mais modesta, de 52,5% das importações da Bahia, enquanto as de São Paulo e do Rio Grande do Sul caíram 1,1% e 2,9%, respectivamente, conforme estudo feito pela pesquisadora Elisa Maria Pinto da Rocha, especialista em comércio exterior da Fundação João Pinheiro, de Belo Horizonte.

O impacto da renegociação agora depende de como será a estratégia das marcas para cumprir o Decreto nº 7.706, publicado na sexta-feira. Com o novo mecanismo de cotas, válido por três anos desde 19 de março, as exportações do México para o Brasil estão limitadas a US$ 1,450 bilhão neste ano (em 2011, elas somaram US$ 2,252 bilhões),
US$ 1,56 bilhão em 2013 e
US$ 1,64 bilhão em 2014. Os valores são recíprocos e só a partir do quarto ano será retomado o princípio do livre comércio automotivo entre os dois países. A julgar pelo agressivo ingresso da produção mexicana, Minas, além do Paraná, sentirá mais os efeitos da revisão do acordo.

Para dar uma ideia de como as importações mineiras do México surpreendem, a pesquisadora Elisa Rocha destaca que a velocidade das compras foi quase 10 vezes superior ao ritmo de ingresso da produção argentina no estado, de 17,2%, entre 2010 e o ano passado. O país vizinho é tradicional e o maior parceiro do comércio de veículos de Minas com o exterior. “Certamente Minas e o Paraná tendem a ser os estados mais impactados agora pelo acordo automotivo, que se justifica diante do ponto a que chegaram as exportações mexicanas para o Brasil”, afirma Elisa Rocha.

O déficit na balança comercial do setor automotivo (exportações menos importações) do Brasil foi desfavorável em US$ 1,371 bilhão no ano passado, com um aumento de 288% frente ao saldo negativo de
US$ 353 bilhões em 2010. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) divulgou nota em que considera positiva a renegociação do acordo Brasil–México. “A celebração de acordos internacionais de comércio no setor automotivo se constitui em importante instrumento de promoção do comércio exterior do país, e reitera a necessidade da permanente evolução da competitividade das exportações brasileiras e do fortalecimento da indústria nacional”, informa a instituição.

As concessionárias vão assistir a uma briga que é das marcas (da indústria automotiva), observa Mauro Pinto de Morais Filho, presidente do Sindicato dos Concessionários e Distribuídores de Veículos de Minas Gerais (Sincodiv). “Mal ou bem, alguém vai suprir esse mercado”, afirma. Veículos de pelo menos cinco montadoras são importados hoje do México: Nissan, Volkswagen, Ford, Honda e Fiat. Falta a distribuição das cotas entre as empresas exportadoras.

À exceção de modelos pontuais, a disputa não deverá ser conduzida à base de aumento de preços. “Neste momento, não há espaço para isso”, diz Morais Filho. As cotas se estendem ao escalonamento do conteúdo nacional nos veículos comercializados entre o Brasil e o México, partindo de 30% no primeiro ano, 35% nos três anos seguintes e 40% no quinto ano.

 

Crescimento bem acima do esperado

 

As importações de Minas Gerais de veículos produzidos no México somaram US$ 204 milhões no ano passado, uma participação de 9,1% do total importado pelo Brasil, de US$ 2,252 bilhões. Em 2010, a receita do estado com a importação de veículos mexicanos não passava de US$ 76 milhões. Trata-se do quinto maior importador brasileiro em valor, mas, quando analisadas as variáveis de participação no bolo das compras e de evolução das importações, Minas só perde em importância para o Paraná, que deteve 36% do valor importado.

De 2010 para 2011, as importações mexicanas também deslocaram a Alemanha, outra parceira antiga e tradicional do comércio exterior de Minas. O país latino passou a ser o quarto exportador de veículos para o estado. “Esse crescimento das importações mexicanas é uma surpresa, principalmente quando consideramos que a Argentina se consolidou para Minas como principal fornecedora e recebedora de veículos e não teve o mesmo crescimento”, afirma a pesquisadora Elisa Rocha, da Fundação João Pinheiro.

Minas importou veículos produzidos na Argentina numa cifra global de US$ 1,329 bilhão no ano passado, frente ao bolo de US$ 1,134 bilhão em 2010. Embora considerando que a renegociação do acordo automotivo faz sentido para o Brasil, à luz da balança de comércio com o México, Elisa Rocha afirma que o sistema de cotas não resolve o maior problema da indústria brasileira.

“O que está em jogo é a nossa falta de competitividade até mesmo em relação ao México. Apesar da sinalização clara do governo federal no sentido de dificultar as importações, isso não será solução”, diz. A pesquisadora concorda que o maior problema está no chamado custo Brasil, que envolve desde a alta carga tributária no país, a logística deficiente de escoamento da produção e a despesa pesada de insumos como energia elétrica. “Não vamos nos esquecer de que a moeda mexicana (peso) também está valorizada frente ao dólar”, diz. (MV)


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